Adsense

quinta-feira, 30 de setembro de 2010

DESABAFO


Não contem comigo para alinhamentos que desvirtuem o sinal mais da política enquanto espaço ao serviço da comunidade. Não gosto, não aprecio e repugna-me certo tipo de e.mails eivados de uma coscovilhice danada que apenas semeiam ódio no meio político e junto das instituições. O meu caminho não é esse.


Há dias, em um outro contexto que não o directamente ligado ao exercício diário da política, recebi uma mensagem que muito me cativou. A quem ma remeteu, um sincero e caloroso obrigado. Soube-me bem, acredite, minha Amiga, sobretudo porque coincidiu com um período de algum cansaço da minha parte. Dizia, a terminar, o texto:
"Todo o Professor deveria ser um Feiticeiro e com as Palavras lançar Feitiços BONS" - Rubem Alves. E continuava: "As águias nunca voam baixo, a não ser quando precisam de caçar (…) Enquanto que os ABUTRES (e há muitos) estão sempre no chão à espera de uma oportunidade para matar os Sonhos de Alguém! Tenho aprendido que devo Voar, mesmo que o céu esteja repleto de Abutres (…)".
Lindo. Como costumo dizer, escorreu-me garganta abaixo como mel, embora os meus voos, com toda a sinceridade, em função da idade, comecem a ser cada vez menos altos. Porém, jamais, pousarei fazendo jus ao conceito de abutre. Jamais, fiquem os meus Amigos a saber. Aliás, nunca fez o meu jeito, tampouco andar por aí às bicadas com aqueles que comigo convivem ou trabalham. Os meus adversários políticos estão bem localizados e é para esses que dirijo todos os meus esforços diários, sem arruaças e apenas com o sentimento que a Madeira merece melhor. Tenho, por isso, plena consciência que nunca fiz um "penalty" aos da família, mas tenho consciência que a rasteira é normal na política. Não contem comigo para alinhamentos que desvirtuem o sinal mais da política enquanto espaço ao serviço da comunidade. Não gosto, não aprecio e repugna-me certo tipo de e.mails eivados de uma coscovilhice danada que apenas semeiam ódio no meio político e junto das instituições. O meu caminho não é esse. Ele, repito, há muito que está definido e dele não me afasto um milímetro. Quando se ultrapassa uma certa barreira na vida e olhamos para trás com satisfação plena, qualquer sujeito com um mínimo de bom senso dificilmente opta por manchá-lo. Seria estúpido. É por isso que não gosto de ser beliscado na minha postura de honestidade perante tudo o que faço. Quando falho sou o primeiro a pedir desculpa, mas espero sempre que os outros se comportem da mesma maneira. Simplesmente, porque somos humanos e o erro acompanha-nos. Costumo dizer que a minha experiência como professor determinou que ande na vida sempre com o "apagador" na algibeira. Vou apagando as coisas más da vida para que sobressaiam as boas. Não me tenho dado mal com esta espécie de princípio.
Toda esta lengalenga para dizer tal qual um velho e sábio professor (educador) me disse perante uma travessura adolescente e a quem pedi desculpa: "eu vi, mas não vi". Eu diria agora: eu li, mas não li! eu ouvi, mas não ouvi! E ficamos por aqui, porque o que interessa é o combate político sério, honesto e sem "penalty's". O importante, o que realmente é importante é dizer a esta população inteira que MERECEM UM GOVERNO MELHOR. Enquanto político seguirei as palavras de Rubem Alves: "Todo o Professor deveria ser um Feiticeiro e com as Palavras lançar Feitiços BONS".
Ilustração: Google Imagens.

quarta-feira, 29 de setembro de 2010

O POVO TEM DE DECIDIR ENTRE A LOUCURA E O BOM SENSO


Não faz qualquer sentido que o desporto profissional tenha encargos tão elevados e ao seu lado, as Escolas não disponham de dinheiro para cumprir os seus projectos educativos e os pais sejam chamados a pagar um ensino que deveria ser gratuito. Da mesma forma que faltam verbas para resolver a situação de centenas de “altas problemáticas” nos hospitais ou não se queira pagar um complemento às magras pensões dos idosos.

terça-feira, 28 de setembro de 2010

ESTADO DE FALÊNCIA


Há gente por aí, de empresários a jornalistas, ostracizada, magoada, espezinhada nos seus direitos e relegada, inclusive, no plano profissional. Com todas consequências que isso traduz de sofrimento nos planos pessoal, familiar e social.


Todos, independentemente das suas opções, devem ser respeitados nos planos familiar, profissional, social e político. Só as mentes doentias, perversas, egoístas e sem confiança em si próprias, tudo fazem para esmagar, ocultar os outros, impedindo o seu êxito profissional, a credibilidade, a notoriedade e aceitação social.
A obsessão pelo poder levam-nas, subtilmente, a retirar as pessoas dos seus lugares, a bloqueá-las e a passá-las para o "quarto escuro" da vida, mesmo que nada tenham a ver com os movimentos políticos. E que tivessem! A manobra "raffiné", inculta, doentia e tenebrosa, vai ao ponto de pouco se importarem com os danos colaterais. Naquelas cabeças pequeninas, ocas e prenhes de ódio, perpassa-lhes o grotesco que se consubstancia em um quadro de, cuidado, ele(a) é filho(a) de fulano, ele(a) é casado(a) com o político que não é dos nossos, ele(a) não se define, liquide-se a empresa daquele(a) que, com as suas posições, nos faz a cabeça num oito, enfim, há gente por aí, de empresários a jornalistas, ostracizada, magoada, espezinhada nos seus direitos e relegada, inclusive, no plano profissional. Com todas consequências que isso traduz de sofrimento nos planos pessoal, familiar e social. Sei o que escrevo, porque conheço como actuam. E sei o que é estar em uma qualquer cerimónia, de natureza social, e observar os olhares enviesados dos da corte, do tipo, o que é que este gajo(a) faz aqui?
A segregação social e, pior do que isso, a segregação profissional é geradora de um grave desequilíbrio interior que perturba e constrange. O objectivo dessas mentes sujas e rastejantes, correias de transmissão de princípios intuídos pela força dominante, é apenas a de cortar o "mal" pela raiz ou a de gerar ou manter o medo, o pânico interior, a desestabilização emocional até ao ponto de vencerem pelo cansaço e até pela doença. Há, em tudo isto, uma mordaça invisível, uma atitude pidesca sem interrogatório, uma prisão sem grades, uma angústia interior que liquida a alegria de viver, uma morte da liberdade lenta mas segura.
Há gente que precisa de um qualquer susto para tomar consciência dos valores da vida. Discorro, assim, pelos contactos que mantenho, pelas narrações que me fazem, pelas cartas que me chegam, pelo conhecimento desta “meia-serra” em nome da sobrevivência política. Há situações que são, permitam-me a palavra, um nojo. E o que me repugna é ver gente jovem a apadrinhar a marosca, comportando-se com os mesmos vícios dos adultos perversos, lendo e seguindo a cartilha da difamação e da perseguição, sem um mínimo de reflexão e de atitude crítica. Repugna-me ver adultos que, penso eu, do sistema nada precisam, agitarem a bandeira de um poder que assume comportamentos lesivos da terra, lesivos do bem-estar, lesivos da felicidade a que todos têm direito. "Ilustres" cidadãos que batem no peito, mas mantêm o olhar da indiferença, a visão limitada, também matreira, julgando que o horizonte está mesmo ali e que não existe amanhã depois deles. Preferem alinhar no salve-se quem puder, no egoísmo em toda a sua dimensão, na coluna subserviente e na transformação da mentira na verdade conveniente. Pergunto: como é que há gente desta a viver em paz com a sua consciência?
A Região tem de se ver livre desta engrenagem, através da união das pessoas descomprometidas, dos democratas, dos autonomistas, dos que são portadores de princípios e valores humanistas, de todos quantos entendem que o partido constitui um mero instrumento ao serviço do desenvolvimento e não de grupos de sentimento mafioso.
NOTA:
Opinião, da minha autoria, publicada na edição de hoje do DN.
Ilustração: Google Imagens.

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

O GOVERNO ANDA FINGIR-SE DE "MORTO"


Mais benefícios fiscais e menos emprego. Pobre SDM e pobre governo que não conseguem definir uma estratégia séria para a Praça Financeira!

ASSOCIATIVISMO JUVENIL ESCOLAR E A INTENCIONAL DISTRAÇÃO DOS ADULTOS


Aos problemas de gestão e administração da escola, os de natureza burocrática e os de natureza pedagógica, juntar os da organização dos jovens, passou a constituir não uma oportunidade para educar mas uma ameaça. Esta constitui uma outra perversão do sistema educativo que não tem sabido potenciar a força interna da escola, que está nos jovens, para neutralizar as fraquezas da própria escola.


As associações de estudantes são de extrema importância. A vivência e a aprendizagem ao nível do trabalho associativo em equipa, a dinâmica organizativa, gestora e administrativa, a mobilização dos estudantes na dinamização de campanhas pelos hábitos culturais onde se integra, também, o desporto, constituem aspectos que têm sido descurados. Olho para o actual quadro e pela experiência de muitos anos de ensino, constato que existe um enorme peso institucional que tudo quer controlar, não deixando espaço para a experiência, criatividade e inovação. Tudo ou quase tudo aparece organizado pelos adultos, o que leva a que a oferta não seja construída com a participação dos estudantes. A oferta nasce verticalmente, como produto acabado.
Ora, isto gera o desinteresse e o abandono. É sintomático que não existe uma cultura no sentido da integração e da participação voluntárias, onde os professores surjam, por um lado, como catalizadores das iniciativas e, por outro, como agentes de supervisão em função da sua experiência de vida. Dir-se-á que falta uma atitude cultural de confiança, pelo que subsiste a ideia que os jovens não são capazes e, até certo ponto, irresponsáveis para tomarem nas suas mãos o poder de iniciativa.
É evidente que esta mentalidade mata o sentido de participação, quando um dos princípios do desenvolvimento é precisamente o da participação: ou as pessoas participam ou os processos morrem. Este quadro tende a agravar-se, desde logo, por duas razões essenciais: primeiro, devido a uma cultura centralizadora do poder instituído que gosta de saber quem lidera e a que força política pertence. Começa aí a castração da capacidade de intervenção livre. É a divisão da escola entre bons e maus, entre os da cor dominante e os outros; segundo, em consequência, porque se torna mais fácil controlar as iniciativas quando as rédeas se encontram nas mãos do poder institucional.
Trata-se de uma cultura muito idêntica à do Estado Novo. Nos anos 30 do século passado, recordo, a título de mero exemplo, a designada, por Lei, “mania do desporto”, fez com que surgisse a FNAT (Federação Nacional para a Alegria no Trabalho), hoje INATEL, precisamente com esse espírito, isto é, já que não posso impedir a iniciativa, controlo-a. Relativamente ao associativismo juvenil, escolar ou não, a leitura política é muito semelhante, pois o poder hegemónico sempre teve a tendência para um olhar felino sobre as organizações. Não é por acaso que, em tempos, alguém terá dito que o objectivo era dispor de uma célula partidária em cada turma. Esta perspectiva constitui um monumental erro educativo, simplesmente porque se aprende fazendo, participando, não apenas como intérprete, mas como co-responsável da actividade. É daí que se consolidam as experiências que, mais tarde, acabam por ter efeitos positivos complementares da formação académica. O instrumento da participação tem um valor incalculável na vida porque há sempre um transfere para novas situações. Ao lado das competências adquiridas no plano curricular devem juntar-se outras competências que, tarde ou cedo, a vida profissional reclamará. A participação ajuda na descoberta e na formação de líderes, na capacidade de gestão dos recursos humanos e gestão e arbitragem de conflitos, no desempenho burocrático, na capacidade empreendedora, na dinamização e controlo da actividade. A participação não pode ficar por uma comissão “ad hoc” para uma viagem de final de curso ou, grosso modo, pela música no intervalo das aulas. As dinâmicas associativas devem assumir um papel de fulcral importância no processo educativo.

Há uma escola em Portugal, a Escola da Ponte, onde, sobre os valores matriciais do projecto educativo, se destaca: “Como cada ser humano é único e irrepetível, a experiência de escolarização e o trajecto de desenvolvimento de cada aluno são também únicos e irrepetíveis. O aluno, como ser em permanente desenvolvimento, deve ver valorizado na construção da sua identidade pessoal, assente nos valores de iniciativa, criatividade e responsabilidade”.
O próprio projecto educativo da escola deveria, desde modo, contar com a participação dos jovens, uma vez que a eles se dirige. É assim que é feito em sistemas educativos sérios e com resultados. Só que isso implica, também, estabelecimentos com menos alunos e docentes habilitados com uma formação adequada para estruturarem e potenciarem, desde o 1º ciclo, as dinâmicas de uma juventude com sentido democrático, participativa e integrada.
Só que, infelizmente, não podemos ignorar a coexistência de uma atitude de alguma desconfiança por parte das direcções executivas. Aos problemas de gestão e administração da escola, os de natureza burocrática e os de natureza pedagógica, juntar os da organização dos jovens, passou a constituir não uma oportunidade para educar mas uma ameaça. Esta constitui uma outra perversão do sistema educativo que não tem sabido potenciar a força interna da escola, que está nos jovens, para neutralizar as fraquezas da própria escola. O sistema tem andado distraído relativamente a esta matéria, todavia, creio, intencionalmente. Um exemplo: fala-se da indisciplina que grassa nas escolas. Pois bem, há estabelecimentos de ensino cujo regulamento interno, o enunciado dos direitos e deveres, é gerado a partir do debate dos próprios alunos e homologado em assembleia de escola. Todos sabemos que aquilo que nasce de nós próprios tendencialmente é cumprido. Aquilo que é imposto sem a participação tende a ser violado. Diz a sabedoria popular que “o proibido é o mais apetecido”. A vida ensinou-nos isso, então, porque raio, não trazer esse conhecimento para a escola? As pessoas estão a se esquecer que os compromissos fazem parte do processo educativo. Dir-se-á que dá mais trabalho. Talvez. Mas, a prazo, estou certo que os resultados são melhores.
Um pouco por tudo isto que fui escrevendo ao correr do pensamento, julgo que as escolas deveriam despertar os alunos para a existência do seu próprio clube. O clube com regime estatutário próprio, nascido dos estudantes e para os estudantes, dinamizador de toda a actividade cultural e desportiva. É ali que se ganha o conhecimento, as dinâmicas do trabalho, o sentido organizacional, a capacidade de planeamento, o sentido de responsabilidade e a estimulação da comunidade escolar em múltiplas áreas de intervenção.
Há textos publicados sobre esta matéria desde o final dos anos 70, mas até hoje são poucas as iniciativas que se consolidaram. E as existentes são incipientes. Escrevi vários a partir de leituras que fiz e das  experiências que interiorizei, experiências com sucesso lá fora realizadas. Não tem havido interesse porque o sentimento que existe é que o associativismo gera ruído no clássico sistema organizacional. O poder prefere construir e oferecer o menu, numa receita do tipo pronto-a-vestir, quando a educação precisa de alta-costura e por medida. São os estudantes que devem ser os costureiros do futuro e não quem está sentado à secretária de uma qualquer secretaria regional. São os estudantes que melhor podem estimular os sentimentos de solidariedade, da cooperação, da autonomia e da criatividade, obviamente sob a supervisão dos professores. Só que esta supervisão não significa que os estudantes sejam apenas receptores e actores.
A terminar, quando o próprio Conselho Regional de Juventude, outra clássica força de bloqueio, tem uma composição escolhida a dedo político, que reúne, quando reúne, não para debater mas para confirmar o que o poder político deseja, enfim... está tudo dito.
Ilustração: Google Imagens.

domingo, 26 de setembro de 2010

ESCOLA A TEMPO INTEIRO (ETI) E FAMÍLIAS A MEIO TEMPO (FMT)


Sobre a Escola a Tempo Inteiro, diz o Professor Santana Castillo, que se trata de uma: "aberração pedagógica e social que nacionalizou crianças e legitimou a escravização dos pais". Concordo.


Li um texto de Paulo Guinote que me entusiasmou. Tal qual quantos outros. Este corresponde, exactamente, àquilo que há muito luto e que se traduz em uma frase muito simples: a escola a tempo inteiro constitui uma boa solução para um problema errado. "É uma aberração pedagógica e social que nacionalizou crianças e legitimou a escravização dos pais", como sublinha o notável Professor e pensador das questões da Educação, Santana Castillo. Paulo Guinote, autor do blogue "A Educação do meu Umbigo" clarifica:
"(...) Por isso, a Escola a Tempo Inteiro é apenas algo que se destina a apaziguar as “famílias” que, cada vez mais, são obrigadas a trabalhar em condições mais precárias e vulneráveis. Que não podem faltar, sob pena de perda do posto de trabalho no final do contrato. Que são obrigadas a cumprir horários incompatíveis com uma vida familiar harmoniosas. Numa altura em que, cada vez mais, as famílias são menos do que nucleares. A Escola a Tempo Inteiro é um óptimo contributo para todos os empresários e empregadores que defendem a desregulação - pelo abuso - do horário de trabalho dos seus empregados. Se é isso que vai desenvolver o país? Abrindo mais umas dezenas de centros comerciais para as “famílias” tentarem desaguar as frustrações ao fim de semana?Quem defende as “famílias” deveria defender, em coerência com os seus princípios, que o Estado protegesse a vida das ditas “famílias” a partir da melhoria das suas condições de vida. A defesa da Escola a Tempo Inteiro é a admissão de um fracasso, de uma derrota e não o seu contrário (...)".
Tão simples quanto isto. Deixaram andar, permitiram a desregulação do mundo do trabalho, seguiram a lógica duvidosa de "nada mais certo no futuro que o emprego incerto", ou que a "empresa do futuro se chamaria Eu, SA", espremeram o trabalhador, esqueceram-se das lutas de Chicago, desorganizaram as regras base do mundo do trabalho e, agora, baseado no princípio de maria-vai-com-as-outras, o capitalismo selvagem, à boleia dessa desregulação e da fraqueza das pessoas, incapazes de lutarem pelos seus direitos, o País, a Região e um pouco por aí fora, transformaram a escola em um armazém de crianças, enquanto lá fora os pais lutam por uns euros.
São as famílias a meio tempo que emergem, em contraponto à Escola a Tempo Inteiro! E os mesmos que a criaram são capazes de dizer que as famílias são as células da sociedade. Constituem a base da aprendizagem, a base dos princípios e dos valores sociais, da Educação geral e específica. Mas como? Com pais a recolherem os filhos tardiamente que mal dá, em muitos casos, para o banho, os "deveres da escola" (outra coisa a rever), o jantar e xi-xi cama! Como é que se pode educar neste completo divórcio entre filhos e pais? Pais que o são, muitas vezes, ao fim de semana! Que construção familiar é possível? É evidente que se safam neste processo aqueles que dispõem de Avós a Tempo Inteiro. Que ajudam, mas não substituem. 
Estes governantes não sabem o que estão a fazer. Deveriam visitar outros espaços, ler um pouco mais questões desta natureza que, sublinho, são muito mais profundas que publicar histórias para criancinhas, tomarem consciência da necessidade de uma nova (re)ORGANIZAÇÃO SOCIAL capaz de uma maior produção e distribuição da riqueza, mas salvaguardando os aspectos determinantes na construção equilibrada do edifício humano. Deveriam visitar muitos países que não alinham nesta loucura e não embarcaram na facilidade das ETI e desses "regimes cruzados" que constituem um ataque aos direitos das crianças e das famílias. Engenharias, como se as crianças fossem materiais de construção! 
O problema é que por aqui, nesta "paróquia" tão pequena e tão fácil de organizar, os mentores continuam a "avançar mas sem pensar". Espero que este problema seja reconvertido para que a família possa, de facto, ser a tal célula determinante no equilíbrio social.
Ilustração: Google Imagens.

sábado, 25 de setembro de 2010

VÃO BUGIAR!


Talvez por isso mesmo, um político com 36 anos de "presídio" na Quinta das Angústias, não conseguiu até hoje uma "liberdade condicional" que o levasse aos palcos da República. Ninguém o quer e ninguém o deseja. Só de passagem. O máximo onde vai e com liberdade total é ao Porto Santo. Aquela cabeça prodigiosa, aquele monumento de sabedoria, aquele Homem Providencial, aquele estadista pensador e preocupado com a geração seguinte, ao fim e ao cabo, é um homem da ilha cuja voz não chega ao Céu.


A irresponsabilidade é total. Ontem o ainda presidente do governo regional assumiu:  "(...) o País está tão mal que  é melhor que o governo caia, pois penso que este já deu o que tinha a dar". Àquelas palavras do ainda presidente da RAM acrescem outras de uma total irresponsabilidade política: "(...) se fosse líder nacional provocava eleições". Isto é, quando está o Presidente da República e tantas figuras representativas de várias e importantes instituições nacionais, a pedir bom senso, em uma altura que o próprio Doutor Cavaco Silva não pode dissolver a Assembleia, aparece um Conselheiro de Estado a dizer uma coisa daquelas, que mais se assemelha, no actual quadro político, a um "cangalheiro de estado". É a total ausência de bom senso, de equilíbrio, de respeito institucional, de saber olhar para as dificuldades do País e de perceber que o momento não suporta convulsões políticas, antes precisa de esbilidade e de confiança. A seu tempo, no próximo acto eleitoral, o Povo fará o exame e escolherá o rumo que melhor entender.
Imagine-se um partido da Madeira, em função do descalabro que por aí vai, a um ano do final do mandato, pedir eleições antecipadas? O quadro é exactamente o mesmo, no plano político, apenas sublinhado pelo facto de, aqui existir uma maioria absoluta e lá uma maioria relativa. E isso, em Democracia, do meu ponto de vista, não faz toda a diferença. Fará para alguns, é óbvio. Para mim, não, pois tenho como pressuposto que o exercício da política constitui um serviço à comunidade e não um emprego para a vida.
Enfim, daqui para lá vale tudo, todas as agressões, todo o paleio para sacar milhões, mas a correspondente assunção de responsabilidades locais, isso não pode ser objecto de escrutínio, por ninguém! Talvez por isso mesmo, um político com 36 anos de "presídio" na Quinta das Angústias, não conseguiu até hoje uma "liberdade condicional" que o levasse aos palcos da República. Ninguém o quer e ninguém o deseja. Só de passagem. O máximo onde vai e com liberdade total é ao Porto Santo. Aquela cabeça prodigiosa, aquele monumento de sabedoria, aquele Homem Providencial, aquele estadista pensador e preocupado com a geração seguinte, ao fim e ao cabo, é um homem da ilha cuja voz não chega ao Céu!
Tive um Amigo, já falecido, que do alto da sua sabedoria, falando destas coisas comezinhas que por aí se vão dizendo, fundamentalmente, para enganar os desprevenidos, que "os fidalgos são assim... podem estar atolados em porcaria até ao pescoço, mas continuam fidalgos!". É isso. A Região estrebucha em todos os sectores, mas continuam uns a apresentar-se como se nada estivesse a acontecer, empurrando para a frente, com a gorda barriga, todos os problemas, falando de alto como se não tivessem responsabilidades, como se esta terra fosse um exemplo de emprego, de bem-estar, de uma economia saudável, de uma educação a caminho da perfeição, como se o sistema de saúde fosse exemplar, como se os pobres não existissem, como se não houvesse altas problemáticas nos hospitais, como se os idosos fossem respeitados nos seus direitos, como se as famílias vivessem abrigadas em um conjunto de direitos, de deveres e de co-responsabilidades. Sinceramente, chego ao dia de Sábado, o dia que me permite fazer uma avaliação ao que fiz durante a semana e apetece-me dizer, em voz baixa, mas com todo o sentido pejorativo: vão bugiar!
Ilustração: Google Imagens.

sexta-feira, 24 de setembro de 2010

EMPRESA VENDE 1,7% DO PIB E ESTÁ NA ZONA FRANCA DA MADEIRA


"Tem quatro trabalhadores, um volume de vendas de 3 mil milhões de euros - o maior nacional - e não pagou impostos sobre o exercício. Chama-se Wainfleet - Alumina, Sociedade Unipessoal, Lda, tem sede na zona franca da Região Autónoma da Madeira e ocupa o primeiro lugar no ranking das maiores empresas nacionais por volume de vendas".

Notícia do JORNAL i de hoje e que merece uma aprofundada reflexão:

"Tem quatro trabalhadores, um volume de vendas de 3 mil milhões de euros - o maior nacional - e não pagou impostos sobre o exercício
Chama-se Wainfleet - Alumina, Sociedade Unipessoal, Lda, tem sede na zona franca da Região Autónoma da Madeira e ocupa o primeiro lugar no ranking das maiores empresas nacionais por volume de vendas da Associação Empresarial de Portugal, Câmara de Comércio e Indústria (AEP). Em 2007, tendo em conta o relatório de Balanço e Demonstração de Resultados, a que o i teve acesso, teve um volume de vendas superior a 3 mil milhões de euros (cerca de 1,7% do PIB nacional), o que representou um aumento de mais de 100 milhões de euros em relação a 2006. Números que tornam esta sociedade unipessoal por quotas, com um capital social de apenas cinco mil euros e quatro trabalhadores, na empresa com o maior volume de vendas nacional. A isto acresce o facto de não ter pago imposto sobre o rendimento produzido nos anos de 2005, 2006 e 2007 (os únicos aos quais o i teve acesso), visto estar situada na zona franca da Madeira, onde tem acesso a um conjunto significativo de benefícios de natureza aduaneira, fiscal, financeira e económica.
A Wainfleet está registada como uma empresa de prestação de consultoria, com actividades de contabilidade, auditoria e consultoria fiscal, porém, em 2007, a quase totalidade das vendas - que ultrapassaram os 3 mil milhões de euros - resultam da venda de mercadorias. Fiscalistas contactados pelo i explicam que isto poderá ser um indício de que a empresa não efectua aquilo que diz ser a sua actividade principal e única. "Estamos certamente perante uma empresa de trade (importação e exportação de produtos)", disse ao i um dos especialistas.
O accionista único da empresa, com uma participação de 100% no valor de cinco mil euros, é designado por Benkroft Financial, LTD e, tendo em conta o que o i apurou, também está localizado numa offshore. O gestor da empresa, Sousi Herodotau, tem nacionalidade cipriota, mas a Wainfleet já teve um cidadão russo na gerência.
Feitas as contas, as vendas anuais por trabalhador estavam situadas, em 2007, em mais de 750 milhões de euros, apesar de os resultados líquidos por empregado caírem para os 843 mil euros.
"Todo este caso é francamente suspeito e deve ser objecto de investigação por parte das autoridades competentes, sejam estas fiscais ou judiciais", disse um fiscalista, assumindo porém que, "perante os dados que são de acesso público, não se pode dizer que estejamos face a uma situação de ilegalidade".
Só em dívidas a clientes a empresa registou, em 2007, mais de 2,3 mil milhões de euros, valor que representa duas vezes o orçamento do Ministério da Agricultura.
"A ideia que dá", reforça outro especialista, "é que estamos perante uma empresa que faz parte de uma cadeia de empresas cuja gerência e propriedade vai de offshore em offshore. Espanta-me que isto nunca tenha sido visto e denunciado".
Por diversas vezes, o i tentou contactar telefonicamente a empresa, situada na Av. Arriaga, 77, 6.a sala do edifício Marina Fórum, no Funchal, sem sucesso.
Ilustração: Google Imagens.

NÃO BRINQUEM COM AS CRIANÇAS


É inacreditável que não paguem o gás, mas todos os dias, entreguem ao Jornal da Madeira, cerca de dois mil contos, para a sua propaganda de poder. É esta a política social do governo? É este um governo de matriz social? Não enganem o Povo.


O governo está a brincar com as crianças, com a pobreza, com muitos que encontram na escola a única refeição quente do dia. A situação vivida na Escola do Carmo, em Câmara de Lobos envergonha a Região e põe a nu o descalabro das contas públicas e das prioridades. É inaceitável que o Governo, todos os dias, alimente monstros sem qualquer retorno económico-social e, por outro, deixe as crianças desprotegidas. É inacreditável que não paguem o gás, mas todos os dias, entregue ao Jornal da Madeira, cerca de dois mil contos, para a sua propaganda de poder. É esta a política social do governo? É este um governo de matriz social? Não enganem o Povo.
O grave desta situação é que todos os estabelecimentos de educação e ensino estão em falência: há facturas por pagar há quase dois anos, pequenos fornecedores aflitos, transportadores a exigirem a liquidação dos serviços prestados, água, energia e telefones por regularizar, redução de consumíveis e até toner para as máquinas falta. É um descalabro total. Professores há, que utilizam, ao mínimo, os serviços da escola, antes levam as fotocópias e contribuem junto dos alunos para que o desastre não seja maior.
Por outro lado, é inconcebível a arrogância com que inauguram, os discursos que fazem, a farsa da volta à ilha para prometer obras que não são prioritárias, o pedido de uma IV República quando deveriam considerar a Democracia, a Autonomia e, por aí, a luta contra a miséria, a ignorância, a fragilidade cultural, o combate à corrupção dos princípios e dos valores.
Não brinquem com as crianças, quando, ao mesmo tempo, o Governo desterra o dinheiro em obrigações ruinosas para todos nós e não no essencial: são 45 milhões para um estádio, antes já tinha estoirado 37,5 milhões noutro; são 120 milhões, por ano, para dar a duas empresas que fazem manutenção de estradas com lucros superiores a 20 milhões/ano; são mais 300 milhões gastos na Via Madeira em mais estradas sem prioridade; são outros milhões deitados ao mar para construir dezenas de restaurantes que estão fechados; são mais de 40 milhões em marinas que não funcionam. Quando um governo chega a este ponto deve repensar o que ainda anda por aqui a fazer.
Só mais um pormenor: esta situação não se fica a dever à Constituição da República, como é óbvio.
Ilustração: Google Imagens.

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

IV REPÚBLICA OU II DEMOCRACIA


E que tal, se iniciássemos aqui, na Região, a fase II da DEMOCRACIA, que implicaria o respeito pelo povo, pelas prioridades, pelos projectos sustentáveis, pela luta contra a pobreza e a exclusão social, pelo direito ao TRABALHO, à EDUCAÇÃO e à SAÚDE distante das vergonhosas situações que têm sido do domínio público.


Ainda sobre a Comissão Política do PSD e do texto que li na edição do DN de hoje: "o PSD-Madeira foi o primeiro partido a nível nacional que lançou o repto a todos os portugueses, no sentido de apostarmos na ruptura do actual sistema com a criação de uma IV República" (...) "Está demonstrado, devido á situação económica e financeira do País, com reflexos em todas as regiões de Portugal, que é necessário acabar de uma vez por todas com o actual sistema constitucional".
Bom, desde logo apetece-me perguntar, e que tal, se iniciássemos aqui, na Região, a fase II da DEMOCRACIA, que implicaria o respeito pelo povo, pelas prioridades, pelos projectos sustentáveis, pela luta contra a pobreza e a exclusão social, pelo direito ao TRABALHO, à EDUCAÇÃO e à SAÚDE distante das vergonhosas situações que têm sido do domínio público? Fase II da DEMOCRACIA que implicaria uma mudança substantiva no paradigma económico e tão importante quanto isso, na descompressão desta sociedade anestesiada e atacada pelo medo? Se o Governo começasse por aí ao contrário de andar preocupado com a Constituição da República, não seria melhor?
A Constituição é um alibi para a incompetência, para o desnorte, para a ausência de criatividade e de inovação política. Demonstra, inequivocamente, a quem ela se agarra, que não está certo do que anda a fazer. Demonstra toda uma equipa à defesa e que pontapeia para longe as responsabilidades que lhe compete. Ainda hoje, 120 crianças, numa escola de Câmara de Lobos, ficaram sem a refeição do almoço porque o gás não foi pago. Quem assiste a isto e que compare com os discursos inauguracionistas dos últimos dias, questionará, afinal, o que fazem estes senhores no Governo? A situação vivida hoje em Câmara de Lobos, aconteceu por culpa da Constituição? É claro que não. Por incompetência e investimentos não prioritários.
Ilustração: Google Imagens.

A PLATAFORMA E A MAÇONARIA!


Se querem chamar aos valores enunciados o perigo da "maçonaria", ora bem, estão a dizer que não cultivam esses valores e, portanto, estão a atraiçoar o Povo, isto é servem-se do Povo para os seus interesses, através, da opressão, da miséria, do sectarismo, da ignorância, da corrupção, do não direito ao trabalho e, a um outro nível, são contra a liberdade, a democracia e a fraternidade.


Achei muito interessantes as declarações da Comissão Política do PSD. Uma vez mais, a "Plataforma Democrática" no centro das preocupações. Uma convergência na acção que, agora, sublinha a Comissão Política e, naturalmente, o seu presidente, o Dr. Jardim, com o "APOIO DA MAÇONARIA" e de "interesses estrangeiros". Onde isto já vai. Desde logo, está aos olhos de todos a ideia da convergência, pelo que não se trata de uma qualquer sociedade discreta.
É claro que o ideólogo, o lançador do "palavrão", pensa que todos são menos capazes e a palavra maçonaria arrepiará os desprevenidos. É evidente que ele sabe que a maçonaria cultiva a humanidade, a liberdade, a democracia, a igualdade e fraternidade. Portanto, a MAÇONARIA é uma sociedade fraternal, que "admite todo homem livre e de bons costumes, sem distinção de raça, religião, ideário político ou posição social". A Maçonaria é uma Ordem iniciática e ritualistica, universal e fraterna, filosófica e progressista, baseada no livre-pensamento e na tolerância, que tem por objectivo o desenvolvimento espiritual do homem com vista á edificação de uma sociedade mais livre, justa e igualitária.
Pode ler-se aqui: "A Maçonaria não aceita dogmas, combate todas as formas de opressão, luta contra o terror, a miséria, o sectarismo e a ignorância, combate a corrupção, enaltece o mérito, procura a união de todos os homens pela prática de uma Moral Universal e pelo respeito da personalidade de cada um. Considera o trabalho como um direito e um dever, valorizando igualmente o trabalho intelectual e o trabalho manual". Mas ele, na sua ânsia de dizer coisas, fala da Maçonaria como qualquer coisa de tenebroso e, perante a fragilidade cultural, tenta assim incutir esse pressentimento do perigo que uma tal sociedade secreta tente chegar ao poder. É a chamada ignorância altifalante que, infelizmente, faz caminho. Foi assim com os comunistas e ainda é!
Se o PSD quer chamar aos valores enunciados o perigo da "maçonaria", ora bem, estão a dizer que não cultivam esses valores e, portanto, estão a atraiçoar o Povo, isto é servem-se do Povo para os seus interesses, através, da opressão, da miséria, do sectarismo, da ignorância, da corrupção, do não direito ao trabalho e, a um outro nível, são contra a liberdade, a democracia e a fraternidade. É isso que querem dizer!
Mas que fique claro, a "Plataforma Democrática, esta "Convergência na Acção" apenas junta boas vontades partidárias e institucionais no sentido de gerar uma vivência DEMOCRÁTICA, uma luta pela AUTONOMIA e uma busca por soluções ECONÓMICO-SOCIAIS. Só isso. O resto é paleio para assustar.
NOTA:
Apenas uma pitada de humor: em cima a foto símbolo da Plataforma; em baixo a sala de reuniãos da Plataforma Democrática.
Ilustração: Google Imagens.

ELEIÇÕES PRESIDENCIAIS (I)

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

NA SENDA DOS VIGARISTAS E ALDRABÕES


Tenho a impressão que o presidente do governo, assobiado que já foi no Estádio dos Barreiros, quando aventou a hipótese do clube único, está a caminho de uma nova vaia.

Duas notas neste fim de tarde:
1º OS VIGARISTAS E ALDRABÕES.
É um regime a caminho do fim. As declarações de hoje, no decorrer da inauguração de uma Escola, são evidentes que o presidente do governo regional encontra-se no fim da linha política. Não que as palavras ditas constituam qualquer novidade. Muito mais e piores aconteceram em outros momentos. Designar a Oposição por vigaristas e aldrabões, não tem nada de novo. Digamos que se trata de um registo carnavalesco habitual. Ainda por cima numa Escola. É a política educativa no seu pior. Mas, enfim, é tarde demais para contrariar. Aliás, não se deve contrariar, dizem os entendidos. Agora, uma coisa parece-me certa, há muita gente por aí a desconfiar da estratégia. Para além de ser sempre a mesma, os pobres, os desempregados e outros que olham para tudo isto e têm consciência que estamos no abismo político, económico, financeiro, cultural e social, é evidente que, ao contrário do que o presidente pensa, podem-lhe dar uma clara resposta em Outubro de 2011. Podem, podem, por maior que sejam os tentáculos do poder, naquele dia, com aquela arma do voto, podem mudar o curso da História e dizer BASTA.
Nego-me a tratar o Senhor Presidente por VIGARISTA E ALDRABÃO. As palavras ficam com quem as profere. Enquanto opositor político aquelas palavras passam por mim como a água nas penas de um pato. Não pertencem ao meu vocabulário.
2ª O DIÁRIO E O MARÍTIMO.
Tenho a impressão que o presidente do governo, assobiado que já foi no Estádio dos Barreiros, quando aventou a hipótese do clube único, está a caminho de uma nova vaia. Sabe-se que os actuais dirigentes do Marítimo são, genericamente, unha e carne política do PSD. E sabe-se que o Marítimo, sendo dependente do financiamento público, constitui uma correia de transmissão do poder. Ora, depois do presidente do governo ter, há dias, apelado a um boicote ao DN, impedir que o Diário tenha acesso aos treinos da equipa profissional, denuncia, claramente, esse conluio de natureza política. Dir-se-á que o DIÁRIO também faz parte dos VIGARISTAS E ALDRABÕES. Entre instituições centenárias, uma empresa muito mais velhinha que o próprio Marítimo, que deveria merecer respeito pelo trabalho notável de muitos anos e sem subsídios, também é aviltada e metida no mesmo rol dos partidos políticos oposicionistas.
Não sei se o presidente nutre algum respeito por si próprio. É que ele não gosta de ninguém. Não pode ver os ingleses (Blandy, entre outros), não pode com o DN, não pode com toda a oposição (e são muitos milhares de madeirenses e porto-santenses), ataca tanta gente por aí, directa ou indirectamente, atenção, mesmo auto-caracterizando-se de ÚNICO IMPORTANTE, tenha cuidado, porque há muito mais gente que gosta do DIÁRIO e que não vai em futebóis...!
Ilustração: Google Imagens.

SE NÃO FOSSE TRÁGICO MERECIA UMA GARGALHADA


Há actividades escolares, pois, elas existem; há múltiplas iniciativas, pois, ninguém duvida. Mas, afinal, o que têm a ver umas coisas com as outras, perguntar-se-á. O que é que as une e para que servem? É disso, também, que se fala. O problema é que estas questões não são discutidas, por medo, por essa sensação claustrofóbica imposta por um poder que impede o debate, a existência de livres pensadores e o direito de participação na construção do futuro.

Disse, anteontem, o presidente do governo regional da Madeira: "nós queremos uma maior autonomia do sistema de ensino aqui na Madeira para poder fazer outros programas (...)". Curioso, por dois entre muitos aspectos: primeiro, ouvi da boca do presidente e na presença do Secretário de Estado da Educação, no decorrer do V Congresso do Sindicato Democrático de Professores, que a Região segue as orientações nacionais em matéria de política educativa; segundo, ainda recentemente, através do grupo parlamentar do PS-M, esteve em discussão um projecto de Decreto Legislativo Regional que consubstanciava um Regime Jurídico do Sistema Educativo Regional e este foi, liminarmente, chumbado pelo PSD. Portanto, daqui se deduz, das duas, uma: ou, o que o presidente diz não pode ser levado a sério; ou, estamos em presença de um continuado jogo de sombras, de querer e não querer, de uma manifestação de desejo por qualquer coisa melhor, mas ao mesmo tempo, deixem lá o marfim correr, porque desta forma tenho um inimigo em quem bater, a República! Fala para a plateia ouvir mas, logo a seguir, paree-me querer dizer: olha lá ao Francisco, isto é para manter em ponto morto! É essa a sensação que fica. Talvez porque o "analfabetismo" e a incultura proporcionam votos. Sou levado a pensar assim, porque ninguém, no seu perfeito juizinho, diz uma coisa hoje e outra amanhã.
Ademais, trinta e tal anos de governo é tempo mais do que suficiente para qualquer pessoa perceber a ESTRATÉGIA de uma dada política educativa. Eu não conheço, não sei, não percebo onde o governo regional autónomo quer chegar. Eu diria que há por aí "coisas" dispersas, discursos sem um fio condutor, onde nada se interliga. As diversas peças do puzzle não casam por maior que seja a busca pela sua conjugação. Há actividades escolares, pois, elas existem; há múltiplas iniciativas, pois, ninguém duvida. Mas, afinal, o que têm a ver umas coisas com as outras, perguntar-se-á. O que é que as une e para que servem? É disso, também, que se fala.
O problema é que estas questões não são discutidas, por medo, por essa sensação claustrofóbica imposta por um poder que impede o debate, a existência de livres pensadores e o direito de participação na construção do futuro. Este poder amarrou tudo e, depois, como é o caso em apreço, bate na República quando dispõe de Autonomia. Não resolve porque não tem projecto e logo inventa a questão Constitucional como alibi para o insucesso, quando os resultados académicos e o abandono nada têm a ver com o "livrinho" (Constituição) que a todos nos une.
A tipologia dos edifícios escolares não depende da Constituição, a organização do sistema desde o número de alunos por escola ao número de alunos por turma, a disciplina, o rigor, a qualidade e a excelência, não dependem da Constituição, a colocação dos professores, o financiamento dos estabelecimentos de educação e ensino, enfim, nada disto tem a ver com a Constituição da República. Que se clarifique, aqui e ali, um ou outro ponto, parece-me perfeitamente aceitável e até necessário. O que não se pode, por uma questão de honestidade intelectual, responsabilizar o "livrinho", a Constituição, pelos monumentais erros estratégicos que têm vindo a ser cometidos. Isso não. O que tem existido é uma clara incompetência e uma evidente ausência de diálogo negocial e civilizado com todos. O problema tem residido aí.
Ilustração: Google Imagens.

terça-feira, 21 de setembro de 2010

ULTRAJANTE


"O homem vende-se aos bocados, a prestações, dia a dia. Muitos, ao fim dum tempo, já nem sabem que estão a vender-se: atingem uma posição que os obriga a defender interesses contrários a tudo o que sempre sustentaram, e são comprados por essa posição" - Luis Sttau Monteiro.

Soube, há momentos, que a Jornalista Daniela Maria tinha sido afastada da liderança da redacção da RDP-Madeira. Já não bastava lhe terem retirado o programa "Debate Político" da RTP-M. Agora, de forma ultrajante, colocam-na, depois de 34 anos de serviço, em claro retrocesso na carreira. Uma vergonha, perpetrada por jovens que da vida e do respeito pelas pessoas, pouco devem ter.
Conheço a Jornalista Daniela Maria há muitos anos. Confesso que tenho por ela uma grande admiração como Mulher e como profissional do "serviço público" de rádio e televisão. A sua irrepreensível qualidade e a sua total doação ao trabalho, mereciam outra consideração e respeito. Nunca, mas nunca, nela notei o favorecimento, a notícia ardilosa, o sectarismo, o querer evidenciar de que lado é que está. Vi-a sempre, mas sempre, como Jornalista tão distante quanto próxima, isenta, conhecedora e transmitindo confiança. Participei em dois ou três debates na televisão conduzidos por ela e testemunhei a segurança, o equilíbrio e aquela forma de estar que poucos, muito poucos sabem fazer: não serem o centro da atenção, antes dando e colocando os convidados na situação de actores perante os temas em causa.
Esta é mais uma marosca, clara, de quem gere o "serviço público". O poder não gosta de gente não comprometida. Não gosta da isenção e tudo faz para afastar, independentemente da competência profissional. Lília Bernardes também já seguiu o mesmo caminho e ali, naquele cantinho do "serviço público", pelo que é dado a perceber, há gente que não olha a meios para atingir os seus fins. A "Comissão de Aconselhamento", mesmo sem tomar posse, funciona em pleno. O verbo que mais conjuga é o "afastar". Por outro lado, solidariedade dos e pelos colegas é outra coisa que há muito morreu. Tudo isto me faz lembrar Luis Sttau Monteiro, na Angústia para o Jantar:
“O homem vende-se por pouco. Um Volkswagen, um andar no Areeiro, uma mulher que só casa pela Igreja, ou a amizade dum tipo importante, são suficientes para que se esqueça do que tem de mais íntegro e de mais seu. Por vezes o negócio é mais subtil, menos aparente, e o homem vende-se para ver o seu nome no jornal, para viajar à custa do seu semelhante ou ainda para ter acesso a certos círculos que o deslumbram. A transacção nunca é rápida. O homem vende-se aos bocados, a prestações, dia a dia. Muitos, ao fim dum tempo, já nem sabem que estão a vender-se: atingem uma posição que os obriga a defender interesses contrários a tudo o que sempre sustentaram, e são comprados por essa posição. Continuam, em voz alta, a defender os mesmos princípios de sempre, mas secretamente guerreiam os ideais que dizem ter e fazem o que podem para evitar a sua concretização. A grande maioria dos homens, porém, vende-se por cobardia. Os casados têm medo de ver os filhos com fome e as mulheres desamparadas. Os empregados têm medo de palmilhar as ruas em busca de trabalho. Os homens que optaram pela vida fácil das carreiras têm medo de não ser promovidos. Os que alcançaram uma posição estável e segura têm medo de transformações. Os que têm prestígio receiam o advento dum mundo que discuta os fundamentos do seu prestígio. Os que vivem à custa dos valores que defendem, receiam todos os outros valores. O medo desempenha na vida dos homens um papel importantíssimo. Se não fosse o medo dos homens, os homens poderiam viver sem medo."
É isto, Caríssima Jornalista Daniela... o "O Homem vende-se"! Aos bocados...
A minha total solidariedade e RESPEITO pelo brilhantismo da sua carreira.
NOTA:
Os senhores que continuam a afastar. Uma já deixou o Telejornal, dois já pediram licença sem vencimento, falta, agora, promover as amigas e amigos ao ecrã. Está quase, julgo eu, pelo andar da carruagem. Pergunto, onde fica a credibilidade e a confiança?
Ilustração: Google Imagens.

A VOLTINHA DO COSTUME E A AREIA PARA OS OLHOS DO POVO


Imagine-se o Governo da República a visitar os 308 municípios a que correspondem 4.257 freguesias de Portugal, como pressuposto necessário para apresentar o Orçamento de Estado para 2011. Parece-me ridículo. Na mesma tarde ou manhã, pula de concelho em concelho, com uma série de papéis, engendra uma conversa aqui outra ali, obviamente para consumo, e assim, diz ele, se elencam as prioridades.

Algumas notas ao início desta manhã.
1ª A VOLTA À ILHA. E o governo lá vai, de concelho em concelho, fazendo de conta que ouve os autarcas, no sentido da "elaboração" do próximo Orçamento e Plano da Região. "Show-off" em estado puro, comunicação social atrás e, como diz o povo, fogo de vista. Nada mais. Imagine-se o Governo da República a visitar os 308 municípios a que correspondem 4.257 freguesias de Portugal, como pressuposto necessário para apresentar o Orçamento de Estado para 2011. Parece-me ridículo. Num tempo em que tudo está em rede. Na mesma tarde ou manhã, pula de concelho em concelho, com uma série de papéis, engendra uma conversa aqui outra ali, obviamente para consumo e assim, diz ele, se elencam as prioridades. De permeio umas declarações para a comunicação social. A páginas tantas surge o aviso ao povo: cuidado, eles andam por aí a prometer coisas que sabem não poderem fazer. Mas quem? A Oposição?
Só quem anda distraído engole toda esta farsa. Aliás, não há seriedade no discurso, tampouco orçamental quando, todos sabemos, em função do importante acto eleitoral do próximo ano, as Legislativas Regionais, e do habitual comportamento político em ano eleitoral, que tudo já está definido e, provavelmente, as datas das inaugurações marcadas. Esta é, portanto, a volta da encenação, pela enésima vez repetida, onde o "chefe" dita ordens para esta ou aquela obra mais emblemática, a obra que possa, estrategicamente, por aqui e por ali, voltar a enganar as pessoas. Ainda por cima, quando existe uma montanha de dívidas por liquidar, um pré-estado de falência que a todos preocupa. O exercício da política necessita de seriedade, menos espectáculo, maior rigor e credibilidade.
2ª A PLATAFORMA DEMOCRÁTICA. A convergência continua na ordem do dia. Preocupa o Senhor das Angústias. Não raro o dia dela fala, manifestamente preocupado. No essencial ele tem consciência dos contornos deste poder, como o alimenta e como ele sobrevive. E tem consciência dos limites, que está no fim da linha política, que alimentou um monstro prestes a rebentar, que as pessoas andam ansiosas ou por falta de emprego ou por não verem o dia da esperança em melhores dias. Ele sabe que os sistemas de saúde e de educação estão a rebentar pelas costuras, que há imensos desconfortos em todos os sectores e áreas de actuação política, que se aproxima o dia de alguns começarem a saltar deste barco, desconfiados que o timoneiro já não sabe para onde vai e, por isso, qualquer caminho lhe serve. A "Plataforma" ou, em um primeiro momento, a convergência entre todos, preocupa-o e daí o ataque, a utilização de todos os meios para denegrir aquilo que me parece inevitável... porque tudo tem o seu tempo.
3ª O PROFESSOR MARCELO E A OPOSIÇÃO. E se ele estivesse calado, não teria sido melhor? Então o DN é melhor oposição que a Oposição Política?
Esta tirada não só é deselegante para os profissionais do Diário e para a sua administração, como não corresponde à verdade. O DN constitui, Professor Marcelo, uma das poucas frestas onde se pode respirar independência editorial. Não elogia a oposição, mas publica e destaca os posicionamentos que o poder não gosta de ver publicados. E conhecerá o Professor Marcelo a luta de trinta e tal anos de Oposição, as excelentes propostas feitas e chumbadas, os estudos e as denúncias, o trabalho notável de sistemáticos alertas para a condução da vida pública? Conhecerá o Professor Marcelo, o estado social, cultural, económico e finananceiro da Região, em situação de ruptura? E será que não competirá aos órgãos de comunicação social livres denunciarem o abismo onde a Região se encontra? Se sabe, então, porque esconde? O que é isso de dar uma no cravo e outra na ferradura? E sabe, ora se sabe, que dos nossos impostos, quatro milhões vão direitinhos para a propaganda, distorcendo as regras do mercado? Então, que razões o levam a esconder? Eu sei!
Ilustração: Google Imagens.

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

CONHECER A REALIDADE


Podia ter ido à História do Marítimo buscar a inspiração, poderia ter falado do notável percurso verde-rubro, da sua cultura popular, da sua vocação e da sua missão que até passou e passa pelo contributo na formação escolar, poderia ter abordado o seu inegável contributo na educação desportiva ao longo de dez décadas...

Não foi o primeiro nem será o último governante a passar por aqui a tecer considerações elogiosas à política regional. Agora, foi o Dr. Laurentino Dias, Secretário de Estado do Desporto.
Li no DN: "(...) o Marítimo é um dos grandes clubes do país, para agradecer depois ao presidente do Governo Regional a contribuição para o desenvolvimento do desporto da Região, fazendo do Marítimo um dos grandes clubes nacionais. (...) Disse ainda que Jardim criou as condições para a Região ser mais forte no desporto e concluiu, afirmando que está pronto para "discutir e procurar condições para que o Marítimo possa continuar a evoluir e a crescer".
Ora bem, conheço o Dr. Laurentino Dias desde 1993, foi um dos que me entusiasmou na campanha autárquica desse ano. Temos mantido, desde então, uma relação política e de amizade. Tenho por ele consideração política e estima pessoal, mas, sinceramente, ontem, a avaliar pelas palavras ditas, desapontou-me. Podia ter ido à História do Marítimo buscar a inspiração, poderia ter falado do notável percurso verde-rubro, da sua cultura popular, da sua vocação e da sua missão que até passou e passa pelo contributo na formação escolar, poderia ter abordado o seu inegável contributo na educação desportiva ao longo de dez décadas, poderia ter falado do tempo fantástico em que os sócios eram os promotores do clube, estivessem eles aqui ou na emigração, poderia ter falado de tanta coisa, mas não, rendeu-se ao elogio da política desportiva errada que este governo regional segue.
Uma política subsiodependente, de milhões e milhões anuais para uma prática profissional, embora esta seja uma terra pobre, assimétrica e dependente; uma política sem norte na educação desportiva escolar; uma política que deixou a esmagadora maioria do associativismo afogado em dívidas; uma política que mantém a Madeira com uma taxa de participação desportiva na ordem dos 23%, o que significa que 77% não tem hábitos de prática física ou desportiva; uma política que continua a financiar em total desacordo com a Lei de Bases da Actividade Física e do Desporto; uma política que gasta 40 milhões em um estádio e deixa as escolas com desesperantes dívidas pregadas no tecto. E muito mais que fica por dizer.
Meu Caro Laurentino Dias, há momentos que o melhor é não falarmos. Uma coisa é a presença institucional, outra, as palavras ditas sem sentido. Lamento. Por aqui fico, mantendo a Amizade de sempre.
NOTA:
Neste primeiro dia de aulas, pergunto, como é possível o presidente do governo regional, numa (re)inauguração de uma escola, frente a dezenas de crianças, instigá-las a se revoltarem contra o Diário de Notícias, julgo que a propósito da manchete do DN de hoje, que traça, correctamente, em números, a realidade do C. S. Marítimo? Que EDUCAÇÃO podemos esperar? Por favor, é demais, é tempo de sair de cena.
Ilustração: Google Imagens.

A NECESSIDADE DE EXPLICAR OS 300 MILHÕES!

ESCUTA PROFESSOR


ESCUTA, Professor de História! Tu que recordas com orgulho os feitos do passado e obrigas à memorização de datas célebres, pára um pouco no tempo. Olha à tua volta agora! Achas que os teus alunos conhecem-se suficientemente a si próprios para então compreenderem o passado?

Com licença DN, deixe-me tomar o meu café anual com os Professores da minha terra! Estamos perante mais um ano lectivo que se inicia aos primeiros raios de Sol de Hoje! Venho segredar-te ao ouvido algumas lições que muitas vezes esquecemos de ensinar por causa do bendito e extenso programa curricular. A nossa preocupação tem recaído sobre matérias frias com as quais os alunos, matéria-prima do nosso ensino, não se identificam.
ESCUTA, Professor de Português! Esquece os verbos, as frases complexas e os ditados repetitivos! Ensina a linguagem dos afectos para que eles percebam que somos feitos dos pedacinhos que os outros nos dão. ESCUTA, Professor de Matemática! Deixa de lado as equações difíceis, as situações problemáticas hipotéticas e a geometria. Explica-lhes como se fazem contas à vida, como se ultrapassa uma situação difícil, descreve-lhes a fórmula da felicidade. ESCUTA, Professor de Ciências! Não percas tempo a ensinar a constituição do corpo humano, a variedade de seres vivos sobre a terra ou composição de um átomo. Investe o teu tempo no teu aluno, a explicar-lhe que a Ciência da Vida é saber viver consigo próprio em harmonia com a diversidade de personalidades com que ele terá de lidar. ESCUTA, Professor de Geografia! Despendes tantas aulas a falar onde ficam os rios, as montanhas, os diferentes países, as grandes pontes, obras dos grandes engenheiros. Não sei se sabes, mas já existem GPS's! O que os teus alunos precisam de encontrar é precisamente a ponte que os liga uns aos outros, as estradas a percorrer para serem alguém na vida! ESCUTA, Professor de História! Tu que recordas com orgulho os feitos do passado e obrigas à memorização de datas célebres, pára um pouco no tempo. Olha à tua volta agora! Achas que os teus alunos conhecem-se suficientemente a si próprios para então compreenderem o passado? ESCUTA, Professor de Filosofia! Tu que carregas as incompreensões de Nietzsche, a criança selvagem de Rousseau e o sonho inalcançável de Platão, desprende-te dessas ideologias e dá-lhes tu uma verdadeira filosofia de vida. Aquela que acredita no ser individual que se mistura no ser colectivo à busca de sentido para continuar acreditando no melhor que existe no homem. ESCUTA, Professor de EVT! Tu que aconselhas o esquadro e o compasso para desenhar linhas perfeitas, esqueces que a vida é cheia de curvas e becos sem saída. Tenta ensinar certo por linhas tortas, rompe com a perfeição e na folha branca (os teus alunos) desenha simplesmente, o que te vai alma! ESCUTA, Director de Escola! Tu que tanto gostas de instrumentalizar a Educação, que pedes Papel em vez de Pessoas, tenta este ano, descer do teu pedestal! Não sei se já te deste de conta, mas estás sozinho na Direcção, no rumo da Escola. Larga a burocracia, deixa de lado os prazos inflexíveis, vem para o pátio, para a sala de aula, para a rua. Vem ver o palpitar do coração da escola, olhando, olhos nos olhos, aqueles que moram contigo nesse lugar que devia ser sagrado: a Escola. ESCUTEM, Professores da minha Terra! Acreditam muitos que o currículo é apenas um instrumento, a avaliação (dizem os especialistas) é um jogo e a Escola, meramente, uma instituição de ensino. Eu não Acredito e sei que Tu também não Acreditas! Ensinar e aprender, é a certeza de saber que o "eu" e o "tu" poderão sempre conversar até ao fim dos seus dias!
NOTA:
Carta do Leitor publicada na edição de hoje do DN. Uma carta notável pela profundidade das palavras e dos conceitos transmitidos. Esta carta tem o condão de não dizer a resposta às questões levantadas. E elas são muitas. No essencial, o caminho que deve ser trilhado para que a ESCOLA cumpra o seu desígnio. Obrigada, Professora Klara Fernandes.
Ilustração: Google Imagens.

A NORMAL ANORMALIDADE


Assume o governo que o ano escolar se inicia num quadro de normalidade. É isso que se pode deduzir da entrevista do Secretário Regional de Educação. A questão que se coloca é esta: afinal, o que é que significa para o governo a palavra normalidade? Significará que os estabelecimentos de educação e ensino abriram as suas portas, os professores estão a cumprir os seus horários e os alunos estão nas salas?

Ou será que a referida normalidade tem a ver com as preocupantes dívidas aos desesperados fornecedores, direcções executivas sem disponibilidade para cumprirem o “projecto educativo”, estabelecimentos de ensino com alunos a mais e turmas com excessivo número de alunos, indisciplina, falta de rigor e ausência de ambição por estrangulamento da verdadeira autonomia das escolas, muita “tralha” burocrática que desvirtua e não favorece o essencial das aprendizagens e das competências.
Será que a normalidade tem a ver com a manutenção da ausência de promoção de uma cultura geral de base, professores atraiçoados e desmotivados em função de um sistema sem referências e de uma inspecção preocupada com a acta e não com o processo?
Será normalidade manter um genérico desinteresse dos pais e encarregados de educação pela Escola, roubar no apoio social castigando, ainda mais, as dificuldades que passam as famílias numa época de grave desemprego?
Será, ainda, que para a Secretaria Regional da Educação, normalidade significa um Estatuto da Carreira Docente desacreditado, uma avaliação de desempenho docente, depois de três anos de uma grosseira mentira que foi o “bom” administrativo, anacrónica porque despida dos valores mais nobres de uma cultura de desempenho? Será que normalidade continua a ser o esquecimento da contagem do tempo de serviço congelado para efeitos de reposicionamento na carreira docente?
Será normalidade para a Secretaria Regional da Educação, não debater na Assembleia Legislativa os grandes dossiês da Educação, a maioria chumbar todas as propostas legislativas, como são os casos concretos, do Regime Jurídico do Sistema Educativo e do Regime Jurídico que Estabelece as Bases da Actividade Física e o regime de financiamento ao Associativismo?
Será normalidade, grosso modo, atribuir 300 mil euros ao Desporto Escolar e 30 milhões ao sistema desportivo de base associativa? Será normalidade manter níveis culturais muito baixos que conduz a graves distorções na percepção do mundo?
Se esta é a normalidade que caracteriza este novo ano escolar, parece-nos óbvio que toda a equipa da Secretaria Regional da Educação e Cultura deve repensar o que anda a fazer.
Ilustração: Google Imagens.