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segunda-feira, 30 de junho de 2014

A FRAUDE POLÍTICA DA AUTONOMIA XXI.14


Volto a insistir, pois para além do PLÁGIO CONCEPTUAL, existe uma FRAUDE POLÍTICA. E isso é inadmissível. É evidente que há assuntos que, dada a sua importância, são transversais. Defender uma política de habitação ou de saúde, por exemplo, ou, então, assumir a defesa de boas prática ambientais, tanto defendem, programaticamente, os partidos da direita como os da esquerda. Depois, é na prática política que os processos se tornam mais claros. Mas essa é outra história. Do que falo e do que está em jogo é o plágio conceptual que corresponde a uma monumental fraude política. Do que falo e do que está em jogo é vermos pessoas que sempre tiveram uma determinada postura, hoje, dizerem precisamente o seu contrário, inspirando-se nas posições da oposição política, que de resto estão escritas, cometendo, intencionalmente, o erro de as transmitir no sentido de levar os eleitores ao engano. A isto designa-se por FRAUDE POLÍTICA. É não ter vergonha na cara, mesmo que, na Assembleia Legislativa sejam confrontados com as contradições discursivas.


Ao longo do dia de ontem confrontei as posições da Autonomia XXI.14, divulgadas no DN-Madeira, com alguns diários das sessões da Assembleia. Em várias matérias, não tenho dúvidas sobre as fontes onde foram buscar o conhecimento que assumem, agora, como verdadeiro e o mais indicado para a Região. Está lá tudo nas posições assumidas pela oposição, em geral e pelo PS, em particular. Eu próprio vivi, escutando, tudo quanto defendiam e que os levavam a chumbar tantos projectos que agora são tidos como de relevante importância. Das duas, uma: ou enganaram os eleitores durante muitos anos, ou, então, subsistem graves problemas de coluna em muitos subscritores do documento, o que me leva a dizer que os defensores da Autonomia XXI.14 sofrem de amnésia e, pior do que isso, de um oportunismo político de arrepiar. E não se trata, apenas, da minha leitura de processo. Recebi, entre outros, dois comentários ao texto que ontem publiquei (através do facebook):
Urbelino Ferreira: "A tentativa de intrujice, desse programa, é uma ofensa intelectual e política a toda a Oposição madeirense. Denunciá-la, é urgente".
José Alberto Machado: "Se estudassem um pouco de História perceberiam que as chamadas "primaveras" foram o fiasco que redundou sempre, com os custos conhecidos, em processos anormais e dolorosos para as sociedades, em especial os mais desfavorecidos. Tal como os apregoados delfins, calaram quando fazia falta dizer basta. Agora, é fácil falar. É bom que falem e que se lhes não neguem os direitos que pisaram durante estas décadas. Mas, é bom que saibam que há memória e memórias. Que nada apagam, nem o bom nem o mau, o muito mau". 
Sinto que não estou só nesta análise. Há muitos de  olhos bem abertos para estas manifestações de puro oportunismo político. Disse, inicialmente, que existem propostas que são partidariamente universais. Mas, expliquem, como é que se pode, durante anos, defender a existência, por exemplo, do Jornal da Madeira, enquanto órgão de comunicação social pago pelo povo para ficar ao serviço do poder político e, hoje, vir dizer que, afinal, tem de ser alienado? Que a lei deve impor a proibição dos poderes públicos serem donos de tal órgão? Como é  possível? Expliquem-se! Isto é de se meter em um buraco tal a vergonha política, ou falta dela, que transmite. 
Aliás, com tantos candidatos a saltarem do navio, com tantos a negar o espaço onde cresceram e ganharam notoriedade, este PSD-M começa a ter qualquer coisa de Benetton - todos diferentes, todos iguais... nos propósitos. 
Ilustração: Google Imagens.

domingo, 29 de junho de 2014

AUTONOMIA XXI.14... "VÃO DAR BANHO AO CÃO"


Há expressões interessantes como aquela "vão dar banho ao cão", equivalente a "desamparem-me a loja", algo como "não me encham o saco" ou, então, "vão ver se estou na esquina". Acabo de ler o texto, mais ou menos programático, do grupo designado por "Autonomia XXI.14", oriundo de uma geração que se diz "inconformada", mas que há anos que se senta junto à mesa do orçamento, uma geração que, directa ou indirectamente, se curvou, aceitou, cantou hossanas, defendeu com unhas e dentes a linha de pensamento do "chefe(s)", discursou a plenos pulmões contra aqueles que, estes sim, INCONFORMADOS, assinalavam os erros políticos que estavam a ser cometidos, apoiaram a governamentalização da Assembleia Legislativa, limitaram (e de que maneira!) todas as comissões de inquérito, aprovaram orçamentos e ratificaram contas de gerência, negaram-se a qualquer actualização do Estatuto Político-Administrativo permitindo, entre outras, vergonhosas incompatibilidades, nunca refilaram contra as obras megalómans, nunca defenderam os homens e mulheres de ciência que chamaram à atenção para os atropelos sobretudo no campo ambiental, enfim, tudo chumbaram em nome de uma auto-proclamada "Madeira Nova" constituída por um "povo superior". 


Ora, é  esta gente que vendo o navio encalhado, vem falar de uma acção política "fundada em valores consistentes, capaz de trazer sangue novo e ideias frescas à Região" e de um novo ciclo económico e social. Desculpar-me-ão, mas "vão dar banho ao cão"! Só agora viram que o actual modelo é "frágil e inadequado” às necessidades regionais e “sujeito a recuos, indefinições e interpretações abusivas das matérias constitucionais”. Desculpem-me, mas "vão dar banho ao cão". Quantas intervenções ao longo de anos denunciaram exactamente isso? Quantos oposicionistas foram vilipendiados, insultados do que há de mais reles e ordinário? Quantas intervenções foram produzidas e logo abatidas pelos mesmos que agora assinam esse documento que, no essencial, retirando a questão da legalização da prostituição, é UM PLÁGIO conceptual do que já foi dito? Exemplos? Aí vão os que li...
Agora, sim, o hospital é prioritário? E a Região deve legislar no sentido de proibir que, directa ou indirectamente, possa deter participação no capital social de órgãos de Comunicação Social, tudo em defesa da liberdade de pensamento? A promoção turística com entidade única? Que é preciso que os cidadãos, as famílias, as empresas e as instituições da sociedade civil se empenhem e participem mais nas escolhas? Que é necessária uma gestão mais eficaz dos recursos existentes, sejam eles de natureza financeira, patrimonial, ambiental ou humana? Que a sustentabilidade deve ser meta (queriam dizer, certamente, objectivo) em todos os caminhos: no reforço da boa governação, na liberdade das pessoas, na efectiva responsabilidade individual e colectiva, na inclusão, no desenvolvimento integrado, na participação e/ou definição dos assuntos de interesse público, bem como na valorização da nossa identidade, através da protecção do nosso património ambiental e cultural e das nossas especificidades? Na nossa capacidade de ajudar quem precisa e de promover uma educação e uma saúde de qualidade, na gestão dos dinheiros públicos ou na assunção que é possível fazer melhor, com menos dinheiro disponível? Que sem sustentabilidade limitar-nos-emos, apenas, a empurrar os problemas para o futuro e para as próximas gerações, adiando o inadiável? Caros Senhores e Senhoras, uma vez mais, "vão dar banho ao cão"!
Como podem falar de cidadania, de competitividade, de repensar o actual modelo de gestão do Centro Internacional de Negócios da Madeira, como podem falar de conhecimento, de coesão e de identidade e património como factores diferenciadores no mundo globalizado, se toda, repito, toda a práxis política foi sempre de sentido contrário? Basta olhar para os resultados. Uma vez mais, "vão dar banho ao cão"!
O exercício da política tem de ser sério e honesto. Estas ideias, chamemos-lhe assim, são velhas e constam de vários programas de governo apresentados pela oposição. Por isso, são PLÁGIOS CONCEPTUAIS que deveriam envergonhar quem agora propõe. Mas percebo a agitação que vai a bordo. O navio onde habitam está a adornar cada vez mais, em vez de um capitão, já existem seis ou sete, há rombos por todo o lado e, no meio da confusão, enquanto o septuagenário político que pensa ser ainda "comandante" tenta aparafusar as porcas e parafusos que se soltam, os mais novos manifestam o desejo de se porem ao fresco numa baleeira pressupostamente segura. É tarde, muito tarde, o mar está agitado e vai também levá-los ao fundo! "Vão dar banho ao cão", pois aquilo que estão a fazer é uma INTRUJICE. 
Ilustração: Google Imagens.

sábado, 28 de junho de 2014

A HISTÓRIA DOS OITO MIL MILHÕES É MESMO PARA ENTRETER


E lá foi Jardim a Lisboa, com o seu séquito, apresentar 13 volumes e, dizem, 10.000 páginas de blá, blá sobre as contas da Região desde o Século XV ao Século XX. Foi na Casa da Madeira, local de triste história onde nada acontece. E custou uma pipa de massa! Logo ali em um espaço que prova o despesismo. Mas, enfim, isso são trocos perante as loucuras megalómanas de um político que desde 1978 anda a vender ilusões. No essencial foi a Lisboa, carregado de livros, para, ao fim e ao cabo, descontando outras dívidas, dizer aos jornalistas que o "Contenente" deve à Madeira oito mil milhões pelas despesas de Educação e de Saúde. O paleio do costume. Regionalizaram, não acutelaram fosse o que fosse, não preveniram responsabilidades constitucionais divididas e, agora, de cofre completamente vazio, tendo à perna uma infindável lista de credores, o homem tenta demonstrar que,  feitas as continhas de merceeiro, ainda fica com um saldo favorável de dois mil milhões! Espantoso.

O Carnaval é sempre que o político quiser

Por lá devem rir-se à gargalhada. Poderia ir ao Presidente da República e entregar os volumes. Poderia arranjar uma outra colecção e, pessoalmente, entregá-la ao primeiro-ministro Passos Coelho. Poderia, face às suas teses, aproveitar o momento para fazer uma dramatização mais consistente, mas não, refugiou-se na Casa da Madeira, instituição falida nos seus objectivos, e, a solo, dizer ao país que ele é um santo e os outros uns demónios! Aliás, como sempre fez. 
Confrontar posições e negociar não é com ele. Ele tem um jeito próprio para estas coisas, quando atira as pedras e se esconde. Na sua própria terra onde tem maioria no parlamento, o mesmo se passa, quando é incapaz de levantar o dito da cadeira e, uma vez por mês, deslocar-se ao parlamento para prestar contas àqueles de quem depende. Não me espanta nada que não faça uma tournée pelo país com os volumes que ninguém vai ler, mas para dizer que os malvados estão a dar cabo da Madeira. Não ele e a sua troupe, mas os outros, os do "Contenente" que esfolam o povo da Região. Criou a dívida, os madeirenses estão a pagar uma dupla austeridade (o Porto Santo, uma tripla austeridade), gerou pobreza, desemprego e fragilidades empresariais e agora a culpa é dos outros. Coisa que não tem nada de novo. Até dentro do seu governo, há tempos, ao dizer que não sabia nada de contas, colocou o secretário das Finanças completamente entalado como único responsável. Perguntem-lhe!
Fico por aqui, no entanto deixando uma breve declaração do Doutor Nelson Veríssimo, deixada na minha página de facebook, sobre esta edição de 10.000 páginas: "Lamento essa investigação histórica ao serviço do encomendante. E sobre o assunto poderia tecer muitas considerações sobre a manipulação da História e o sujo papel de alguns ditos historiadores". Respondi: "Caríssimo Amigo Dr. Nelson Veríssimo, o Senhor, como vários, tem pago o facto de não ter uma coluna de plasticina. Outros, pelo que vou assistindo, montando, pacientemente, as peças soltas que vamos conhecendo, vergam-se, deturpam a História e vendem-se. Ficarão, certamente, conhecidos, no caso em apreço, como "historiadores do regime". Mas que o sejam, não me apoquenta, até porque a verdadeira História não lhes reconhecerá o trabalhinho. Preocupado fico, isso sim, com a artimanha política para justificar quase quatro décadas de erros estratégicos que nos conduziram a uma dupla e penosa austeridade".
Por mim está tudo dito.
Ilustração: Google Imagens.

sexta-feira, 27 de junho de 2014

DIA DE CHORO


E a selecção não conseguiu dar uma alegria aos portugueses! O pedido que partiu do Presidente da República não teve eco. Paciência, fica para a próxima. Ora, eu que não sou, nem treinador de campo, nem de bancada, não teço, por isso, quaisquer considerações sobre a organização e postura da equipa. Se Paulo Bento deve ou não deixar a selecção, sobre as razões que justificaram tantas lesões, umas mais graves do que outras, se deveriam ter começado pelos Estados Unidos ou rumado directamente ao Brasil, enfim,  tantos "se" para cujas respostas não estou nem minimamente habilitado. Há quem esteja, muitos deles sem nunca terem calçado umas chuteiras! Falam e falam enquanto eruditos da matéria. 


Há dias, logo a seguir aos 4-0 da Alemanha, estava eu no cais de Machico entretido entre a tentativa de pesca de mais um bodião e os olhares na magnífica baía ali mesmo em frente. Ao meu lado, a poucos metros, escutei uma acessa discussão entre cinco ou seis homens do mar, pressuponho: o Bento é isto e aquilo, x deveria jogar ali e não acolá, y deveria ter ficado em casa, k é um árbitro com problemas de vista, enfim, digo-o com sinceridade, senti-me a ver um programa de televisão, entre tantos que nos entram casa adentro em horário nobre, apenas feito por homens do povo e não por engravatados e licenciados em direito, medicina e tantas profissões que não as do desporto. Também com uma diferença, escutei, entre duas ou três palavras, um palavrão, coisa que, na televisão, apesar dos arrufos, os interlocutores são comedidos. De resto, não notei diferenças. Talvez, por isso mesmo, cansado de repetitivos comentadores políticos e de programas de desporto para entreter camelos, começo a ter uma tendência para seguir a RTP-Memória, entre outros de música, cinema e natureza. Felizmente, ainda temos essa opção.
Ilustração: Google Imagens.

quinta-feira, 26 de junho de 2014

"INCONSEGUIMENTO FRUSTRACIONAL"


Na linguagem rebuscada, com pinceladas barrocas, da Presidente da Assembleia da República, o Portugal do futebol teve, esta semana, um “inconseguimento frustracional”. Coisa que para o Presidente da República não é de somenos importância, mas que para mim, humilde cidadão, passa como a água nas penas de um pato! Disse-me um dia, em amena cavaqueira, o meu Amigo Doutor Manuel Sérgio: “se o País não está bem o desporto não pode estar melhor”. Mesmo a área profissional. E porque essa é a realidade, hoje, regressaremos ao estado (a)normal e ainda bem, porque há muito mais coisas preocupantes que não o futebol. Aliás, um país onde mais de 70% da população não tem hábitos culturais de prática física ou desportiva, afogado em dívidas, sem trabalho e muitos comendo o pão que o diabo amassou, não deixa de causar uma certa perplexidade (aqui e em outros lugares do Mundo) que encha, literalmente, praças, em estado sofredor, mas que seja incapaz de sair de casa para dizer basta a esses diabos que infernizam a vida, que ganham sempre no jogo dos interesses, os tais que impedem, às escâncaras, o direito à felicidade, mesmo que mínima. Como se a educação, a saúde e os direitos sociais pudessem esperar. Um paradoxo. 


Hoje, com ou sem “gana”, convictamente, oxalá nos despeçamos da festa da ilusão, embora o rescaldo deste fogo ateado leve semanas. As televisões, as rádios, os jornais, os comentadores, tantos de barriguinha feita e níveis impróprios de colesterol, tantos que engrossam a fila dos tais 70%, continuarão a debitar, enchendo o chouriço das horas de vazio para disfarce das dores sociais sentidas. 
Confesso: tenho orgulho no chão onde nasci, nesta bandeira que me identifica, mas sou incapaz de gastar um cêntimo em um cachecol, colocar um símbolo na varanda ou em desfraldar uma bandeirinha no carro. Orgulho teria se o povo fosse respeitado, o trabalho considerado um direito, a escola e o seu desporto fossem portadores de futuro, o direito à saúde privilegiado, a juventude não tivesse que partir, ah, e não roubassem os pobres, os reformados e pensionistas para entregar aos de colarinho branco. Se assim fosse, na esteira de Sérgio, o desporto estaria melhor e o orgulho cresceria. Portanto, ainda bem que a histeria fabricada está a terminar e que o sonho que sempre foi pesadelo determine que o povo acorde para a realidade. Para mim, hoje, tratar-se-á de uma “saída limpa”, esta sim, que nos coloca com os pés e a inteligência na realidade.
Ilustração: Google Imagens.

quarta-feira, 25 de junho de 2014

DR. MIGUEL DE SOUSA, NÃO NOS TRATE POR IMBECIS!


O Dr. Miguel de Sousa escreveu, na edição de ontem do DN-Madeira: "Há que por termo ao enterro de dinheiro, de cada um e de todos nós, na ex-marina do Lugar de Baixo. Parece já terem sido gastos mais de 100 milhões de euros num projecto que era para ser uma marina pública. Nossa. Feita com o nosso dinheiro e a poucos quilómetros de uma outra, também nossa, também feita com o nosso dinheiro. Duas marinas. Uma ao lado da outra. Disparate!" Não me leve a mal, mas está a tratar os madeirenses e portosantenses por imbecis, por tontos, estúpidos, desmiolados, gente que não tem um pensamento mínimo sobre o passado. O Dr. Miguel  de Sousa é um dos mais antigos parlamentares. Para além da sua profissão é Vice-Presidente da Assembleia, já foi governante, é membro dos órgãos políticos do PSD-Madeira, portanto, não é um político que chegou agora de Marte ou da Lua! Viveu aqui, aprovou tudo, nunca se ouviu a sua voz, teve palco para dizer que o "rei ia nu" e agora, quando o leio, fico atónito com tanta frontalidade. E o problema não é apenas esse, o problema é que continua a ter palco na Assembleia Legislativa onde poderia assumir, no "período antes da ordem do dia", na frente de todos e do seu grupo parlamentar, a denúncia não só do que ali se fez e continua a fazer, mas a denúncia de todos os disparates da dita Madeira-Nova. Há uma linha de coerência que, pelo menos para mim, não está no meio que se escolhe (artigo de opinião ou Assembleia). A linha de coerência implica dizer em todo o lado, a todo o tempo e desde sempre o que se pensa, mesmo que isso custe o lugarzinho e os dissabores entre  pares.


Não suporto esta forma de estar na política. Irrita-me. Mas não é apenas o Dr. Miguel de Sousa que se apresenta às pessoas como se nada tivesse a ver com o estado a que a Região chegou. Ainda ontem o Senhor Roberto Silva, outro Deputado do PSD, com largas responsabilidades nas megalomanias no concelho do Porto Santo, onde foi presidente da Câmara, veio mostrar-se chocado em plena sessão solene: pelas dificuldades que os locais atravessam, "difícil pela pobreza que entrou porta a dentro dos Porto-santenses", e desafiou os responsáveis municipais a realizarem um estudo e implementar um plano estratégico de desenvolvimento a longo prazo. Quer dizer, este senhor que esteve vários mandatos na Câmara, que se achou intocável, que foi "rei e senhor" na ilha, com uma descomunal lata, coloca-se de fora e pede aos outros que resolvam um problema que há muito é gritante. Pergunto: o Senhor Roberto não tem um rasgo de bom senso e de respeito por si próprio? Se o problema é a existência de um plano por que raio ele não foi elaborado há muitos, muitos anos? O que andou a fazer? Que posições frontais perante o governo regional assumiu para que a Câmara do Porto Santo não estivesse hoje falida? E sobre a questão da pobreza, que trabalhos desencadeou no sentido de tornar a ilha minimamente sustentável? 
Outro que não tem nada a ver com a situação
vivida no Porto Santo.
Ora bem, podem até pensar que o povo é estúpido, que não vê, que é desatento, que o povo normalmente come e cala-se, critica em voz baixa, que a informação não chega de forma esclarecida a todos, podem pensar tudo isso, mas enganam-se, lá chegará o dia que os manda pela porta fora durante aquele acto solitário do voto. No Porto Santo foi assim, em outros seis  concelhos o mesmo aconteceu e acontecerá, mais cedo que tarde, ao nível do governo regional.  É que já não há paciência para tolerar gente culpada que quer passar por inocente. 
Ilustração: Google Imagens.

terça-feira, 24 de junho de 2014

TERESA LEAL COELHO, UMA DEPUTADA «DE GINJEIRA»...


Há políticos que nos seus partidos pouco se importam em dizer aquilo que outros não podem assumir. Uns resguardam-se, enquanto outros servem a frente do combate político. São pessoas dispostas a tudo, que fazem o trabalhinho a troco de uma presença numa qualquer lista. Detesto figuras assim. O caso da Drª Teresa Leal Coelho entristece-me, não apenas por aquilo que diz, mas sobretudo por ser uma senhora. Tem o direito ao pensamento livre, de dizer e justificar as suas convicções, mas fica-lhe muito mal o ar arrogante e muitas vezes malcriado com que se apresenta. As suas declarações sobre os juízes do Tribunal Constitucional, recentemente assumidas, constituíram a cereja em cima de um bolo fora de prazo. 

Escreveu Alfredo Barroso,
Como não quero ir longe de mais nas injunções e vocativos à deputada e vice-presidente da bancada parlamentar do PPD, Teresa «Preocupada e Perplexa» Leal «a» Coelho, passo a palavra ao meu amigo PEDRO REIS:
"Acabado de chegar a casa, ligo a televisão e já só apanho a parte final da declaração do presidente do Tribunal Constitucional e, três cigarros depois, as declarações dos representantes dos Partidos.
A cerca de 5850 quilómetros de Lisboa, acaba por me entrar em casa uma deputada da república a proclamar a sua perplexidade e a zurzir, forte e feio, nos juízes do Tribunal.
Dei por mim a pensar que esta deputada, Teresa Leal Coelho de seu nome, deputada da República por escolha pessoal do primeiro-ministro, deverá ter sido escolhida para fazer esta declaração pela experiência que tem de comentar decisões dos Tribunais portugueses.
«Quando foi despedida de administradora do Centro Cultural de Belém, o então presidente, Fraústo da Silva, explicou que a senhora se teria enrolado numa série de trapalhadas que envolviam o favorecimento de amigos e o abuso de funções e do nome da instituição.
Tudo acabou em Tribunal com a futura deputada condenada duas vezes.
A propósito da sua dupla condenação a futura deputada declarou, na altura, que as sentenças continham vícios de obscuridade (?!) e falta de transparência (?!).
Juro que é verdade.
Mas explicou também que só não voltou a recorrer porque deixou passar os prazos legais para o fazer.
Sendo profissionalmente advogada e professora da faculdade é, no mínimo, estranho e absurdo.
«Um país que tem um presidente em Belém a fazer lembrar, cada vez mais, Américo Tomás em versão embalsamada, a quem não falta, inclusivamente, a sua Gertrudes e que elege para deputados da República gente desta natureza (e faço a justiça de concordar que os/as há em todos os partidos) deve, no mínimo, parar para pensar, mas não auguro nada de bom para o futuro".
PS: Atacar uma senhora, não é bonito. Penitencio-me por isso. Tenho, no entanto, uma atenuante. Esta senhora também foi administradora da SAD do Benfica sob a presidência de Vale e Azevedo.
Fez, portanto, parte da pandilha que ia destruindo o Clube.
Ilustração: Google Imagens.

segunda-feira, 23 de junho de 2014

A ABERRAÇÃO DOS EXAMES NO ENSINO BÁSICO


"Chumbos não ajudam a recuperar o desempenho dos alunos. Portugal tem das taxas de retenção mais elevadas da OCDE, mas a medida não é eficaz, diz o estudo do Banco de Portugal".


Chumbar nos primeiros seis anos de escola prejudica o desempenho dos alunos, pelo menos a avaliar pelos resultados dos testes PISA. Por isso dizem os autores de um estudo publicado pelo Banco de Portugal, há vantagens em substituir a retenção, por medidas alternativas de apoio. (Expresso). Rigorosamente nada de novo nesta posição. Apenas a confirmação do que há muito se sabe. É, por isso, que várias vezes aqui tenho escrito e questionado o secretário da Educação sobre o seu posicionamento no quadro da Autonomia Político-Administrativa. Não se trata de um problema Constitucional, mas sim organizacional. Não se trata de um impedimento da Constituição da República ou da Lei de Bases do Sistema Educativo, mas de pensamento estratégico. Não se trata de um problema  apenas da secretaria de Educação, mas de um trabalho sistémico que envolve outras secretarias a montante da Escola. E custa-me ver que a Madeira não tenha uma ideia sobre esta matéria. Pelo contrário, apoia o ministro, verga-se perante o erro e a teimosia de um homem que deseja que o presente se faça à imagem do seu passado escolar, quando os tempos são outros. É a tal frase que tantas vezes aqui repito, a de  uma "escola sempre  igual a competir com a vida que é  sempre diferente". Às vezes chego a pensar se acredita no formato dos exames ao contrário de uma avaliação rigorosa e contínua, ou se se serve dos alunos para avaliar o desempenho docente. Seja como for, de uma maneira ou de outra, está completamente errado. 
Voltar a escrever sobre o mesmo é chover no molhado. Por isso, deixo aqui um texto que alinhavei em Janeiro de 2013. Talvez ajude a melhor situar os leitores desta página face a este problema:
"Não vou muito longe e socorro-me de algumas passagens de um incisivo artigo do Professor José Pacheco (figura que ainda ontem destaquei) publicado na edição de Inverno de 2012 da revista A Página da Educação. O artigo começa assim: "A conceituada revista Science deu a conhecer um estudo que contraria tendências reveladas em recentes decisões de política educativa. (...) Deborah Stipek, docente da Faculdade de Educação da Universidade de Stanford, trabalhou o seu estudo ao longo de 35 anos. A autora do estudo denuncia o facto de os jovens serem treinados para obterem bons desempenhos em testes e afirma que é aberrante uma educação centrada em resultados mensuráveis e em rankings. E acrescenta que a preparação para exames sufoca a formação de uma personalidade madura e equilibrada. (...) Irá o senhor ministro contrariar dados científicos? - questiona e prossegue: (...) Deborah sublinha o facto de o sistema de exames produzir especialistas em provas enquanto prejudicam vidas que poderiam ser promissoras. Em suma, sublinha o Professor José Pacheco, "um ambiente escolar competitivo, voltado para testes e exames é prejudicial à aprendizagem. E quem o afirma é a revista Science que tem por título "Educação não é uma corrida". Escutemos a pesquisadora: "O sistema actual baseado no desempenho em testes, pode prejudicar muito a formação de grandes pensadores. Esta forma de ensino promove um verdadeiro extermínio de grandes mentes. A maneira como a educação é organizada na actualidade faz com que potenciais vencedores do Prémio Nobel sejam perdidos mesmo antes da educação básica, já que o modelo de ensino massacra qualquer outro interesse que não seja o cobrado nos exames. É importante desenvolver talentos. Isso sim tem um papel importante no futuro de alguém". Mais adiante, o Professor José Pacheco traz à colação a coordenadora do Centro de Pesquisa em Empreendedorismo da Universidade de S. Paulo: "É preciso redescobrir o signicado de ir à escola, de estudar. Mercado de trabalho e status social são questões que devem deixar de nortear as políticas educacionais. A sociedade valoriza muito mais o trabalho cooperativo, mas a escola forma alunos muito mais focados no trabalho individual" (...) A maioria dos grandes pensadores que deixaram um legado para a humanidade seguiram caminhos muito diferentes do convencionalmente estabelecido". 
Portanto, concluo, a questão central não pode circunscrever-se aos exames, mas à mudança do sentido de Escola. Mudança de paradigma que é difícil, sublinho, não só porque os políticos não se interrogam, mas porque há uma mentalidade formatada e encaixotada que impede desde logo a discussão séria dos assuntos. E se os centros universitários de formação e investigação bem lutam por uma mudança, a verdade é que se trata de uma luta desigual, simplesmente porque, por ignorância altifalante, os decisores não querem ouvir.
Esta mudança, que leva muitos anos, quando está em causa a completa ruptura de um sistema e a paulatina criação de um outro, não significa, no ensino básico, é dele que estamos a falar, ausência de avaliação quer no vértice da pirâmide do sistema (vértice estratégico - ministério ou secretaria regional), quer na linha hierárquica (ao nível de escola), quer ao nível do centro operacional (professores e alunos). Pelo contrário, as exigências são muito maiores, porque formativas, contínuas e sistémicas. Mas para essa construção falta, na expressão de Rubem Alves uma "erecção da inteligência" a todos os níveis!"
Ilustração: Google Imagens
OUTROS TEXTOS:
http://comqueentao.blogspot.pt/2013/05/os-exames-que-nunca-deveriam-ser.html
http://comqueentao.blogspot.pt/2013/05/exames-de-1-ciclo-e-ereccao-da_2.html
http://comqueentao.blogspot.pt/2014/01/nuno-crato-nao-tem-emenda-exigencia-e.html
http://comqueentao.blogspot.pt/2014/06/nem-fecundam-nem-se-deixam-fecundar.html

domingo, 22 de junho de 2014

AS SOCIEDADES DE DESENVOLVIMENTO ESTÃO FALIDAS. SERÁ NECESSÁRIO FAZER UM DESENHO?



Li, com a maior das atenções, a entrevista da Drª Maria João Monte, ex-deputada do PSD-M e, actualmente, presidente das Sociedades de Desenvolvimento. Fiquei na mesma. Tenho um Amigo que costuma dizer: "para falar ou ouvir certas pessoas, às vezes tenho que me esquecer do sei". Pois. Perante as responsabilidades do governo nada disse, isto é, fugiu a sete pés! Às responsabilidades dos outros, claro, caiu em cima. Refiro-me às responsabilidades dos incumprimentos por parte de empresários e outros, mas, relativamente ao Porto Santo, saltou com os dois pés em cima, com números, como se a dívida pertencesse à actual equipa que lidera a Câmara. O habitual. Eu que passei pela Assembleia Legislativa, em dois períodos cruciais, 1996/2000 e 2007/2011, lembro-me, perfeitamente, de tanto de debate que ali aconteceu sobre as ditas sociedades e tenho presente tantos alertas sobre os erros que estavam a ser cometidos. Vem agora a Drª Maria João Monte dizer que encontrou "vícios, incumprimentos em contratos de arrendamento e de concessão". Tudo junto, ronda um esforço de recuperação de receita acumulada na ordem dos "três milhões de euros" (jamais recuperará), admitindo, no entanto, que as rendas, nalguns casos, são elevadas e que a dívida global atinge 498,7 milhões de euros. E sobre o valor das obras de manutenção preferiu não quantificar: "Prefiro deixar para a altura da definição do Orçamento anual, a debater com a tutela. Debater em segredo como se o dinheiro não fosse público!


Importante seria, pelo futuro da Madeira, que a Drª Maria João Monte, que se diz mais executiva do que parlamentar, talvez quisesse dizer, menos política, assumisse as responsabilidades que se escondem a montante: quem definiu o modelo, quem as planeou, quem mandou executar as obras e quem desbaratou milhares de milhões de euros. Todavia, se o Dr. João Cunha e Silva fez boa interpretação de uma passagem da entrevista, encontrará lá uma que não passa politicamente em claro: encontrei "vícios, incumprimentos em contratos de arrendamento e de concessão". Pergunto: e quem foi o responsável político por essa vergonhosa gestão?
Para avivar a memória da Drª Maria João Monte deixo aqui um texto que publiquei em 04 de Junho de 2010, já lá vão quatro anos, quando o grupo parlamentar do PS-Madeira elaborou 404 perguntas sobre as Sociedades de Desenvolvimento e que nunca tiveram resposta do Vice-Presidente do Governo. O texto baseia-se em declarações do Dr. Carlos Pereira ao Diário de Notícias: 

"A partir de 2012, e durante pelo menos 10 anos, cada madeirense irá pagar por ano 280 euros, cerca de 70 milhões de euros, mais de 5% de todo o orçamento da RAM".

Ambos são responsáveis pelo descalabro político
Desde há muito que considero um monumental erro a criação das Sociedades de Desenvolvimento. A edição de hoje do DN-Madeira traz um trabalho onde o Deputado Dr. Carlos Pereira elenca uma extensa listagem de preocupações que devem ser consideradas. Deixo aqui algumas passagens:
"Obras megalómanas" em freguesias de população reduzida, restaurantes e bares sem clientes ou em zonas onde desincentivam os privados, projectos que nem para a sua manutenção arrecadam receita e o enigma de como acorrer aos "assustadores compromissos" com a banca, já em 2012. (...) O grande problema é que, já a partir de 2012 - avisa Carlos Pereira -, a Região terá de pagar as dívidas contraídas para as obras das SD. E como as Sociedades mergulharam na "falência técnica", no dizer do próprio Tribunal de Contas citado pelos proponentes, estão incapacitadas para qualquer solução aceitável. Muitos dos empreendimentos nem conseguem garantir a sua própria manutenção e o drama exige um 'ponto de situação' urgente. O que significa clarificar, em pormenor, os projectos das Sociedades, a começar pelos mais emblemáticos, nos seguintes planos: capacidade para gerar receitas e fazer face aos compromissos financeiros; capacidade para gerar emprego; e ainda a alavancagem de investimento privado que cada um destes investimentos públicos tenha proporcionado.
Sem estas diligências não será possível debater "estratégias futuras" com vista a solucionar os problemas criados com a política em apreço, apresentada de início como de "interesse público" e baseada em "motivos consistentes". Entretanto, sublinha Carlos Pereira, as SD criaram uma "dívida colossal que corresponde a quase metade do Orçamento da Região". (...) Para o deputado socialista, hoje "os factos não enganam": as sociedades de desenvolvimento foram um "tremendo fracasso". O ónus que recai sobre os madeirenses é "demasiado pesado para os magros efeitos positivos desta incoerente operação". O futuro é sombrio: "A partir de 2012, e durante pelo menos 10 anos, cada madeirense irá pagar por ano 280 euros, cerca de 70 milhões de euros, mais de 5% de todo o orçamento da RAM". É que os resultados dos investimentos das SD "não libertam nem alguma vez libertarão meios para pagar a dívida ou sequer os encargos". Pior ainda, na análise de Carlos Pereira, é que estas empresas públicas, além de praticamente não terem criado emprego, "foram responsáveis pelo afastamento do investimento privado".
Seria bom, sem limite de tempo, como acontece com o Presidente do Governo no decorrer do debate do Orçamento e Plano, que fala a solo sem possibilidades de ser questionado, o Vice-Presidente viesse à Assembleia e respondesse às 404 questões que foram elencadas sobre as Sociedades de Desenvolvimento, hoje consideradas de Endividamento". 
Um outro texto sobre as "Sociedades de Desenvolvimento" pode ser lido aqui.
Depois deste paleio da Drª Maria João Monte, melhor seria pedir autorização ao Dr. Cunha e Silva e disponibilizar-se para ir à Comissão de Economia da Assembleia e responder às 404 perguntas que o Grupo Parlamentar do PS colocou e que nunca iveram resposta. Ainda está a tempo.
Ilustração: Google Imagens.

sábado, 21 de junho de 2014

GENERAL GARCIA DOS SANTOS: "NESTE MOMENTO, EU NÃO ACEITO SEQUER OLHAR PARA A CARA DELE"



10.000 PÁGINAS QUE VALEM ZERO. E OS CONCORRENTES À LIDERANÇA O QUE PENSAM DISTO: ALINHAM NA FANTOCHADA OU DEMARCAM-SE?


Não é sério, nem é para levar a sério no campo político. Treze volumes, certamente com muitas pessoas envolvidas, uma pipa de massa gasta e, pergunto, para quê? Resolverá a dramática situação de uma dívida criada por este "senhor governador", por este "senhorio dos novos tempos", dívida que vai nos 6.3 mil milhões, sem contar com as "Parcerias Público Privadas"? Não discuto, porque não sei, o rigor Histórico dessas 10.000 páginas, mas no plano meramente político, para os fins a que se destina (demonstrar que a Madeira não é uma terra despesista), parece-me óbvio que esses volumes se juntarão ao extenso rol das megalomanias jardinistas. É mais uma no plano do despesismo. 


Neste caso, os de lá vão rir-se com o disparate, porque eventuais erros do passado não ilibam a irresponsabilidade dos últimos trinta e tal anos. Trata-se de um "inconseguimento" do "chefe" na expressão da Presidente da Assembleia da República!
Mas, pior que isso, custa-me aceitar que falte tanta coisa nas escolas, no sistema de saúde, no apoio aos menos jovens, aos pensionistas, a todo o sistema social, aos empresários e estes senhores gastem onde não é prioritário, apenas por uma questão de birra e até de defesa pessoal, para demonstrar a sua reclamada "inocência" na colossal dívida que o "chefe" gerou. Acredito, inclusive, à falta de melhor justificação, que essas dez mil páginas constituem um certo contraponto ao processo "Cuba Livre". O tal cujo Acórdão nunca mais sai!
Se a JUSTIÇA funcionasse como eu a entendo, se a responsabilidade dos políticos fosse igual à de um cidadão comum, estou certo que muitos estariam em maus lençóis. Talvez... presos! 
E quanto ao "estudo", disseram-me que liderado pelo "historiador do reino", os independentes, sem vínculo ou sem interesses, vão ter tempo para esmiuçá-lo. Sei lá se não irão descobrir coisas curiosas nos últimos anos! Já agora que a História vá até ao fim.
Finalmente, os "delfins" o que pensam disto? Alinham nesta fantochada ou demarcam-se?
Foto: Arquivo pessoal. 
Título: "Uma Autonomia a precisar de uma operação mamária"

quinta-feira, 19 de junho de 2014

UMA INTERVENÇÃO DO DEPUTADO CARLOS PEREIRA QUE INCOMODOU A BANCADA DO PSD


Exacto, Senhor Presidente da Assembleia, para resolver o problema da "ESPADA", há muita outra discussão mais profunda que tem de ser feita. Tal como a espada que vive a enormes profundidades. O Senhor Presidente da Assembleia devia ouvir a conhecida intervenção da deputada brasileira Cidinha Campos, quando a discussão era sobre o leite, ela preferiu falar dos que mamam!
 

VIA LITORAL E VIA EXPRESSO... É UM FARTAR VILANAGEM!

A PROPOSTA DE MÉNAGE DO PSD-MADEIRA


No plano meramente teórico, dificilmente o CDS/PP consentirá um "namoro" (político) com quem, desde sempre, foi tido como um parceiro rasca, ligado aos interesses da "Madeira-Velha", aos senhorios, aos colonos, aos ingleses e à Maçonaria, entre muitas outras e gravíssimas ofensas no plano individual dos seus dirigentes. Seria contranatura um casamento precedido de namoro parlamentar, uma clara falta de respeito por si próprio e um pontapé naquilo que diz ser o seu posicionamento filiado na doutrina social da Igreja. Juntar os trapinhos e entregar-se nos braços de quem faliu a Madeira, gerou desemprego e pobreza, parece-me arrepiante quanto à dignidade política. Mas, na política tudo é possível, pelas forças que se movem e pelas promessas "sinceras" de um "amor eterno" até que a "morte os separe".

Uma AUTONOMIA
que precisa de uma operação mamária!


É evidente que o CDS/PP está entre a espada e a parede. Daí, na óptica do seu líder, José Manuel Rodrigues, a proposta de uma ménage (moradia a três no significado original) porque "a sociedade madeirense está poluída por um ambiente de conflitualidade, radicalismo e agressividade trazido por agentes políticos" e, por isso, essa necessidade de um "ménage à trois", "inadiável" entre o seu partido, o PSD e PS na Madeira para ultrapassar a situação. 
Apesar das palavras de circunstância ditas boca fora, parece-me óbvio que José Manuel Rodrigues não está para aí voltado, por um lado, porque sabe que isso significaria trazer a raposa para dentro do galinheiro e, por outro, a população não veria com bons olhos uma vida de concubinato entre entes que se rejeitam, se ofendem e com longos anos de injúrias e difamações. Repito, alianças dessa natureza são contranaturas e espúrias. Digamos que José Manuel Rodrigues teve de fazer aquele número político, por duas razões: uma, eleitoralista, pois fica sempre bem falar de qualquer coisa que, pressupostamente, revele desprendimento, interesse pela Madeira e que o povo entenda; segundo, por razões de proximidade à coligação nacional. Ainda hoje, sem surpresa, José Manuel Rodrigues reconheceu que "Portugal precisa de uma profunda revisão da sua Constituição" porque a lei fundamental está "desadequada" e porque constitui um entrave à política do Governo da República. O meu Amigo de longa data José Manuel Rodrigues pareceu-me aquele "padre" de aldeia que dizia: "em verdade vos digo que não acredito no que digo". José Manuel Rodrigues disse e, certamente, bebeu água de seguida. Porque ele, inteligente que é, sabe que não é a Constituição que está em causa, mas quem não soube e não sabe governar. Sempre que o árbitro de futebol erra, e isso acontece tantas vezes, não vamos alterar as regras do jogo! José Manuel Rodrigues sabe que assim é e, portanto, quis passar a mão na coligação nacional e dar uma "esperança" ao pedido de namoro do PSD-M que, todos sabemos, vocifera contra a Constituição. 
Extraordinária foi, entretanto, a posição do Deputado Tranquada Gomes (PSD), depois de mil uma alterações ao Regimento da Assembleia, todas ou quase todas com a sua assinatura e sempre no sentido de coarctar a intervenção dos partidos da oposição, venha agora reconhecer que "hoje não basta um partido maioritário para resolver os problemas da Região" porque necessário se torna "um amplo consenso entre os partidos que podem ser alternativa". Isto é, andou anos a fio a "violar" (os textos, claro), a maltratar, por via disso, o debate político e agora, faz aquela declaração de amor, quase dizendo, queridos, eu passei um tempo conturbado, eu fazia sem saber porque fazia, perdoem-me, eu juro fidelidade! Eu estou num grupo onde fazemos terapia, estamos a exorcizar os nossos demónios, creiam que estamos a caminho da cura. Espantoso!
Para mim a situação é muito clara. Espero que o CDS/PP que diz ter "ideias claras" consiga perceber: primeiro, que uma coligação com o PSD-M, a probabilidade é de ambos se afundarem, porque se trata de uma reedição de uma coligação continental face à qual os madeirenses abobinam; segundo, quem foi e é o fulcro do problema, não pode ser elemento da solução; terceiro, que existem outras possibilidades, mais ou menos alargadas, que a humildade política, desde que prevaleça, poderá garantir futuro à Madeira. Finalmente, no que concerne ao PS-Madeira, enquanto partido fundamental, urge uma clarificação interna, devidamente estudada e que não afugente possíveis interessados em acabar com o jardinismo. 

Ilustração: Google Imagens.

quarta-feira, 18 de junho de 2014

EDUCAÇÃO: EU ENSINO. TU APRENDES?


Aí está a época de exames. Com excepção dos exames que determinam o acesso ao ensino superior, entendo que todos os restantes não fazem sentido. Portugal segue uma orientação que não me parece ser a mais adequada face ao conhecimento. É tal a paranóia dos exames que, dentro em pouco, chegarão ao 2º ano do primeiro ciclo. Existem muitos estudos sobre esta matéria. Fui "obrigado" a ler documentos, pelo que, desde há muito, a minha mais profunda convicção se situa na avaliação contínua e rigorosa. Só que isso implica uma reconversão quase total da organização do sistema educativo português. Sobre esta matéria já aqui publiquei vários textos. Deixo aqui uma parte de artigo que acabo de ler do Professor David Rodrigues, subordinado ao título: "Eu ensino. Tu aprendes?" 


A páginas tantas salienta: "(...) A aprendizagem não é papaguear uns conceitos, uns modelos, umas definições ou umas datas. Aprender é muito mais do que decorar ou mesmo do que conseguir "safar-se" numa prova de avaliação. Quantas coisas já decorámos (existe um termo menos polido que tem a ver com os crâneos dos bois e que muito bem define este processo...) e hoje completamente esquecemos? Aprendemos? Não. Decorámos. Hoje quando se fala de aprendizagem, queremos dizer que tem de haver uma mudança de perspectiva entre o que sabíamos antes e o que passámos a saber depois de termos aprendido. A aprendizagem é uma transição de paradigmas sobre uma visão e conhecimento da realidade. Aprendemos quando começamos a olhar para uma realidade de uma forma diferente daquela que olhávamos antes. Vê-se, assim, que decorar manuais, repetir "ipsis verbis" o que o professor disse, não significa que tenhamos feito aprendizagens, significa que temos boa memória - capacidade em que os elefantes nos parecem levar vantagem... e os computadores nos dão uma escandalosa "abada"...
Não existe aprendizagem sem relação. Mas relação entre quê? Antes de mais, entre o que sabemos e o que temos de aprender. Nenhum professor consegue ensinar um aluno se não souber o que ele já sabe. Antes de mais, aprender é esta ponte entre o antes e o depois. Mas a aprendizagem implica outras relações: com o objecto do conhecimento. Ninguém consegue aprender se não estiver autenticamente interessado no objecto da aprendizagem. Daqui a importância de incentivar, de reforçar a motivação. 
Teoricamente, toda a gente está interessada em aprender. Mas, na realidade como poderemos fortalecer este interesse em conhecer, este interesse em ter uma relação com o objecto da aprendizagem? Sobretudo se o objecto da aprendizagem estiver longe das motivações do aprendente? E falta, ainda, um outro tipo de relação: de quem ensina com quem aprende. Não conseguimos aprender com alguém a quem fomos indiferentes, por quem não temos qualquer consideração ou mesmo detestamos. Aprender implica, também que se estabeleça relação entre ensinante e aprendente. Esta é uma relação de respeito, de incentivo, de descoberta e de camaradagem. Sem ela, nada feito. Três relações, portanto: com o que se sabe, com o que se quer aprender e com quem connosco coopera para aprender (...)".
Definitivamente, as nossas escolas, ou melhor, o nosso sistema, não está preparado para este desafio.  E o que  pensará o secretário regional da Educação?
Ilustração: Google Imagens.

terça-feira, 17 de junho de 2014

UMA EUROPA EM QUEDA LIVRE


Não sou especialista em assuntos europeus e, portanto, corro o risco de uma certa leviandade ao escrever sobre a Europa. Mas guiando-me pela sensibilidade e pelos sinais que qualquer um detecta, parece-me óbvio que a configuração desta Europa, nos vários domínios, não está para durar. 


Se os riscos de convulsão interna já eram evidentes, agora, depois das últimas eleições europeias, os próximos tempos serão de natural conflito. Entre os nobres princípios que nortearam a sua formação e aquilo que é oferecido aos cidadãos europeus, a diferença é abissal. Hoje, encontramo-nos todos espezinhados por directórios que mandam a seu bel-prazer, que determinam a vida dos Estados e dos seus povos, que, paulatinamente, impõem as suas directivas como se todos os outros não fossem Estados Soberanos. Quase deixamos de existir. Não é assunto novo. Tratou-se de uma construção perversamente "inteligente", lenta mas segura, com objectivos bem delineados de conquista e de esmagamento. Numa aproximação a Ben Baddikian (1994), embora outro fosse o contexto, "os senhores da aldeia global têm a sua própria agenda política e resistem a quaisquer mudanças económicas e sociais que não se ajustem aos seus interesses financeiros. Juntos eles exercem um poder homogeneizante sobre as ideias, as culturas e o comércio que afectam as maiores populações de que se tem conhecimento desde sempre. Nem César, nem Hitler, nem Roosevelt, nem qualquer papa tiveram tanto poder como eles para moldar a informação da qual tantas pessoas dependem para tomar decisões, sobre as mais variadas matérias: desde em quem votar até ao que comer (...)".
Estamos à beira do desastre e do conflito. Os povos estão a levantar-se contra esta Europa. O sentido de voto e a abstenção têm um significado muito evidente. O Euro, provavelmente, será sacudido e os silenciosos desígnios  da Alemanha serão combatidos. Olho para estes dirigentes europeus e vejo a mentira, a aldrabice, os interesses, a fuga para a frente, tal como a montagem fotográfica acima, um Barroso que é um zero, mas apostado numa Europa capitalista selvagem. Os próximos anos certamente que se instalará o conflito institucional. Aliás, coisa que Nigel Paul Farage, político britânico, já em 2011, não tivesse denunciado no Parlamento Europeu.

segunda-feira, 16 de junho de 2014

ISABEL MOREIRA: CAVACO É UMA FRAUDE!


"Não me lembro de não existir Cavaco. Quando Cavaco não era ainda a mais regular instituição democrática do país, a minha idade não permitia dar pela figura. Nada haveria de angustiante nisto se, tantos anos no poder, como Ministro, como Primeiro-Ministro e como Presidente da República fossem anos largos, porque o ator político é excecional. É difícil, não vivendo numa ditadura, imaginar alguém ser tudo o que se pode ser em política, de eleição em eleição, com a substância da não-substância.

Um artigo da Deputada Isabel Moreira

Um mau Primeiro-Ministro chegou a Belém, oportunidade para brilhar nas malhas largas que o sistema semipresidencialista oferece ao cargo (basta recordar o génio de Mário Soares), oportunidade rejeitada, e não perdida, desde a primeira hora, em nome de uma presidência cujo exercício, de mau, já deu azo a teorizações acerca da bondade do nosso sistema político.
Cavaco despreza o significado do seu cargo: ser um órgão de soberania; representar a República; ser o garante da independência nacional, da unidade do Estado e do regular funcionamento das instituições democráticas; defender a Constituição e fazê-la cumprir; ou ser o comandante supremo das forças armadas. Cavaco despreza a justificação do sufrágio universal que o elege.
Ser Presidente da República não é para todos. Há mesmo uma idade mínima para o ser. É coisa para gente com mínimos de maturidade política e de compreensão do pilar fundamental do cargo, de ser aquele ou aquela que modera, que nomeia e demite Governos e os seus membros, que, numa ponderação difícil, dissolve o Parlamento, que veta politicamente leis e decretos-leis, que suscita a fiscalização preventiva de diplomas, bem como a sucessiva, que nos discursos audíveis e surdos faz pelo Regime e não contra o Regime.
Cavaco é uma fraude. Cavaco conspirou contra um governo legitimado democraticamente, fixando-se, nesse momento, numa trincheira armada com um Partido político que abraçou num projeto pessoal ilegítimo.
São coisas que a história registará. Um presidente a quem todos associarão para sempre a "inventona" de Belém; um presidente que usou de simples vetos políticos momentos explosivos anunciados para as 20 h da noite, inventando uma ofensiva socialista aos seus poderes constitucionais; um presidente que à margem dos tais poderes constitucionais nunca saiu trincheira; um economista que se atreveu a mentir sobre as causas da crise, a bem da narrativa da "situação explosiva" criada pelo indisciplinado governo que assim ouviu, no discurso do Ano Novo de 2010, a bala disparada rumo a uma nova presidência e com um governo programado a partir de Belém; um presidente da república que rasgou o seu diploma universitário, ignorando intencionalmente a crise internacional de 2008, a que se seguiu, os efeitos diferenciados do euro, tudo em nome da tal da "verdade", numa palavra, a mentira.
A mentira pegou e Cavaco conseguiu descobrir a pólvora em 2009, que negara em 2008, ano em que surgia como "bom pai de família" e tal.
Veio então a "verdade". Essa narrativa feita numa trincheira com pessoas que agora a negam, caso de Manuela Ferreira Leite, estava cheia daquele bolor moralizante que os bons costumes usam acolher.
É a desgraça da paz social, essa coisa que já permitiu tudo, aqui e noutros países, porque a paz social, ou a invocação dela por outras vias, sempre foi e sempre será apetecível. Chega mesmo a deixar a vidinha caminhar enquanto um ditador teima em durar. Está nos livros.
Cavaco insiste, como insistiu no outro dia, o de Portugal, país que não serve, na tese do antes e do depois, do país sem gestão das contas públicas e no país do rigor.
Na trincheira, fala aos portugueses pouco tempo depois de ter permitido em conluio com o Governo, não requerendo a fiscalização preventiva do OE, o saque durante 5 meses ao salário de funcionários públicos, salários milionários de 675 euros.
Na trincheira, fala aos militares, àqueles cujos subsistemas foram atacados por diploma recente, tendo Cavaco, em conluio com o Governo, feito um uso desviado do veto político, porque sabia que este, ao contrário do veto por inconstitucionalidade, seria, como foi, ultrapassado.
Não me lembro de não existir Cavaco. Mas ele faz por recordar que existe, por razões que me revoltam, enquanto republicana convicta.
O discurso da verdade moralizante é por natureza o discurso da trincheira cavada na valeta que enterrou qualquer razão de estado.
Tenho para mim que a trincheira deixou esticar de mais os braços do desviado da função. Talvez por isso, mais tarde, quando se escrever sobre Cavaco, essa instituição tão regular a qualquer custo, já não se encontrem apologistas da paz habitual".
Ler mais:

sábado, 14 de junho de 2014

NEM FECUNDAM, NEM SE DEIXAM FECUNDAR!


Li as declarações do secretário regional da Educação, Dr. Jaime Freitas, e também as do Director Regional de Educação, Dr. João Estanqueiro. O primeiro multiplicou-se em contas e percentagens ao jeito da publicidade dos relógios que "nem adiantam nem atrasam"; o segundo, chutou para o ministério as causas dos resultados negativos na Matemática, devido às constantes alterações programáticas. Ora, se foram melhores ou piores que os dos anos anteriores, isso pouco interessa. É paleio. Apenas paleio. Este ano melhora aqui e piora ali; no ano seguinte verifica-se o contrário, porque isso depende de muitas variáveis! Depende, até, dos "exigentes" critérios de correção da responsabilidade do GAVE. Portanto, repito, tal questão é paleio com mofo. Simplesmente porque o fulcro da questão está em perceber, no plano político, qual a posição do governo da Região Autónoma da Madeira e, particularmente, da secretaria regional: se considera ou não importante a realização de exames no 4º e 9º anos, se prefere os exames à avaliação contínua exigente, rigorosa e de qualidade e se prefere fazer ou não um simulacro da Autonomia Político-Administrativa. É isto que está em causa. Por um lado, promovem conferências e convidam investigadores para aqui debitarem conhecimento, por outro, continuam a dobrar-se àquilo que é ditado pelo ministério. Não bastasse isso, hoje existe muita investigação, muitos autores com obra publicada e muito pensamento relativamente ao que deve ser uma Escola que se assuma como motor da sociedade. A Universidade da Madeira, para não irmos mais longe, tem pensamento produzido sobre esta matéria. Só os políticos deste trágico governo regional é que não transmitem qualquer opinião segura e portadora de futuro. Não influenciam nem se deixam influenciar. Nem fecundam nem se deixam fecundar!


Um político não pode ser neutro. A política educativa, entre as demais, não é neutra. Impõem-se opções, definição de percursos (políticas) e responsabilidades. E o que se passa com a Educação é qualquer coisa assexuada. Desde que a "loja" abra às 08:00 e encerre cumpridos os horários de "expediente", pois bem, como antigamente dizia o cigarrilha... siga! E que se dane a Autonomia Política. O Crato manda e o Jaime cumpre. O Crato quer que os professores, a partir de Janeiro, TREINEM os meninos para os exames e o Jaime cumpre. O Crato dispensa professores e o Jaime alinha. O Crato altera os programas e o Jaime diz que temos de trabalhar mais (os professores, claro). O Crato impõe um estúpido modelo de avaliação do desempenho docente e o Jaime, retoca, mas mantém a estupidez. E assim vamos, tal como letra antiga... "cantando e rindo, levados, levados"... eu concluiria, e de que maneira! 
Tudo tem o seu tempo e este governo já teve o seu. Há muito que a rotina se impôs à inovação. Apregoam a criatividade, mas preferem a estagnação. Política integrada que coloque os Assuntos Sociais a par da política educativa, bom, isso dá muito trabalho. Depois, é vê-los correr atrás do prejuízo, isto é, do abandono escolar e do insucesso. Importante é dizer por todos os cantos, para disfarçar a moleza, a apatia e a indiferença, que o Estado deve não sei quantos milhares de milhões nos encargos da Educação e da Saúde. Regionalizaram de olhos fechados, não assumiram compromissos sustentáveis e agora, com o cofre vazio, exprimem a reivindicação baseada no "paguem vocês e mandamos nós". Uma  vez mais manda a Autonomia às malvas, sabendo que quem paga, manda!  
E se começassem a governar? Já é tempo. Porque governar é muito mais do que cumprir o horário de funcionário público.
Ilustração: Google Imagens.

sexta-feira, 13 de junho de 2014

VÁ LÁ... CONTEM TODA A VERDADE!


Li na edição de ontem do DN-Madeira: "A marina do Lugar de Baixo está a ser negociada com um grupo de investidores portugueses para poder ser concessionada e se tornar num espaço temático e de lazer, a exemplo do zoomarine situado no Algarve ou em Roma. A ideia é tornar o local num autêntico polo de atracção turística constituído por um conjunto de espectáculos, nomeadamente com a interacção de golfinhos". Ainda olhei para o calendário, mas não, ontem foi 12 de Junho e 01 de Abril há muito que foi. Ora, este súbito interesse traz água no bico. Ou existe qualquer coisa ainda não explicada e, portanto, a notícia serve aos potenciais "investidores" para criar um ambiente tendencialmente favorável, ou então, numa leitura mais simples, o governo quer fazer saltar aquela batata quente e aquele poço sem fundo de dinheiro gasto, para as mãos de outros. 


Talvez fosse melhor os tais "investidores", para já sem rosto, das duas, uma: ou solicitarem à vice-presidência do governo regional um álbum de fotografias, por anos, onde ficasse patente as sucessivas fúrias do mar, com um anexo circunstanciado dos muitos milhões de euros ali afundados; ou esperar pelo próximo inverno e assistirem, ao vivo, ao espectáculo entre o belo e o horrível que o mar proporciona naquela zona. Por último, ainda, perguntarem aos mais idosos da Ponta do Sol e do Lugar de Baixo sobre o comportamento das correntes. É evidente que há tecnologia para tudo ou quase tudo, mas esta história não me convence. Vá lá... contem toda a verdade!
Ilustração: Google Imagens.

quinta-feira, 12 de junho de 2014

NÃO EXISTE POLÍTICA EDUCATIVA, SENHOR REPRESENTANTE


O Senhor Representante da República para a Madeira, Juiz Conselheiro Ireneu Barreto, manifestou-se preocupado com o nível de iliteracia no nosso país e na Região, e daí pediu a ajuda dos professores para o combate a esta situação “decisiva para o sucesso das novas gerações”. Senhor Representante, uma vez mais, errou o alvo. Não tem de pedir aos professores, mas exigir dos governantes. Nesta terra, onde representa a República (!), deveria insurgir-se contra duas figuras institucionais: primeiro, a Secretaria Regional da Educação; segundo, se quisesse ser mais incisivo, o Ministério da Educação. Os professores, Senhor Representante, têm sido peças descartáveis no processo, não são responsáveis pelo caos social, pela pobreza, pela ausência de políticas de família e pela mentalidade criada que tresanda. Os professores não são responsáveis pelos currículos e pelos programas bem como pelo excessivo número de alunos por escola e por turma. Eles não são responsáveis pelos orçamentos, pela ausência de financiamento dos projectos educativos e não podem ser responsabilizados pela existência de sistemas (educativo, económico, financeiro, social e cultural) que geram abandono e insucesso. Mais lhe digo: os professores não são responsáveis por terem deslocado o centro das preocupações educativas para o professor e não para o aluno: tome-se em consideração a pouca-vergonha da avaliação de desempenho dos docentes, a ausência de uma verdadeira autonomia nos estabelecimentos de educação e ensino e a infernal e estúpida burocracia que não serve para nada. Visite uma escola e pergunte-lhes. 


Os professores não são responsáveis pela matriz do sistema educativo que, no essencial, se perfila na Sociedade Industrial. É fácil perceber as palavras da doutorada em Educação, Rosanna Barros, quando sublinha o facto da “matriz da governação supranacional estar a funcionar” (…) “porque predomina uma agenda redutora, que tem tido a preocupação de destruir aquilo que, apesar de tudo, tem dado mostras de trazer dinâmica”. Eles, Senhor Representante, cumprem tarefas e andam apavorados. Não são responsáveis pela paranóia dos exames no 4º, 6º e 9º anos e que, pelo andar da carruagem, se estenderão às crianças do 2º ano, em detrimento de uma avaliação contínua exigente, abrangente, estruturada, séria e rigorosa. Só que isto implica uma outra Escola ou como escreveu o Catedrático Domingos Fernandes: “(…) só fará sentido pensar em melhoria do ensino e das aprendizagens se houver uma visão sofisticada, elaborada, integrada e global para a Educação”. 
O Senhor sublinhou e bem que “(...) A iliteracia não se resume à incapacidade para interpretar textos. A iliteracia abrange outras realidades, como a incapacidade para compreender o mundo político (…) ou a incapacidade de entender a sociedade em que vivemos”. Certo. Mas, o Senhor Representante, por momentos, já pensou que, por perversa que seja, essa (iliteracia) foi uma intenção política de quem governa? Que uma coisa foi colocar os meninos na escola de acordo com as responsabilidades constitucionais; investir nas infra-estruturas no quadro das preocupações inauguracionistas e eleitoralistas; outra, dar capacidade para que a Escola seja Escola, transmissora de um “conhecimento poderoso” que está muito para além do Português e da Matemática. Como salientou o Filósofo e Catedrático Fernando Savater (in Carta à Ministra), existe, Senhor Representante, um “perverso propósito de converter os jovens em dóceis robots ao serviço da omnipotência castradora do poder estabelecido”. Não encontro melhor síntese.
É por isso que, passados quase quarenta anos, os resultados globais são preocupantes, embora, por paradoxal que pareça, tenhamos a geração mais bem preparada de sempre. E esse mérito, há que não esquecê-lo, fica a se dever aos professores. Sabe, Senhor Representante, Paulo Freire acertou na mouche quando disse que “a Educação sozinha não transforma a sociedade, mas sem educação a sociedade não muda”. Ora, é disto que estamos a falar, da não existência de “educação transformadora” porque os governos não querem. A transformação não se dá por culpa, desleixo ou ineficácia dos professores. O estado da Educação é consequência de uma outra iliteracia que transborda do ministério e deste governo regional. Há uma incultura em estado puro tal como sublinhou, por outras palavras, o Professor Sérgio Niza, figura inspiradora da pedagogia: “O ministério da Educação é de uma ignorância que faz medo”. Imagine, Senhor Representante, o governo regional que, por norma, apenas adapta o que é ditado pelo ministro! Fixe isto: só na aparência os professores gozam de autonomia, porque tudo ou quase tudo está centralizado e tudo ou quase tudo é mitigado. De resto, se a iliteracia pior não é, tal deve-se ao facto de milhares de professores, sofrendo, andarem anos com a casa às costas, manifestarem uma infinita tolerância quando são roubados, no salário e na progressão da carreira, e, ainda assim, manterem uma suprema paixão pelo acto de ensinar.
Ilustração: Google Imagens.

quarta-feira, 11 de junho de 2014

DA EUFORIA À TRAGÉDIA



O Estádio Municipal de Leiria, remodelado e ampliado para o Euro 2004, num investimento de 88 milhões de euros, custa à câmara, diariamente, € 16.750,00, estando ainda por pagar 48 milhões de euros de empréstimos, informou a autarquia. Mas não é apenas este: o de Faro/Loulé custou 66 milhões e apresentava, recentemente, € 9.400,00 de manutenção por dia e o de Braga que custou 161 milhões, tinha um milhão de euros de encargos anuais. Para não falar de outros disparates. Nós estamos a  pagar a factura e, no Brasil, onde a população reclama mais e melhor educação e saúde, por exemplo, a factura há-de chegar. Como, por exemplo, chegou na Grécia após os Jogos de 2004, cujas instalações (muitas) são hoje elefantes-brancos. A euforia do Mundial de Futebol do Brasil, inevitavelmente, dará lugar à tragédia. 
Eu gosto de assistir a uma boa partida de futebol. Eu gosto de ver actuar Ronaldo e outros. Não é isso que está em causa. Mas é de mais. Liga-se a televisão e não há canal que nos dê algum descanso. As peças de reportagem sucedem-se, as ligações aos "enviados especiais" são constantes; os assuntos repetidos e especulados até à exaustão através de sucessivos programas de comentadores; é o sujeito que fez 5.000 km de bicicleta para ali estar; é o bar que vende sandes com o nome Ronaldo, enfim, uma paranóia insuportável. É o jogador A com uma lesão, é o B que esteve indisposto, o C que tem apresenta fadiga muscular, o D que ficou no ginásio e não subiu ao relvado, sinceramente, do meu ponto de vista, é de mais, parece que a vida se esgota ali. Até o Presidente da República pediu à selecção que alegre os portugueses com umas vitórias. Como se a bola da FIFA resolvesse as múltiplas questões dramáticas que envolvem as famílias portuguesas. O "ouro" da FIFA fica com eles e com as instituições que a rodeiam. Não tem efeito multiplicador e sobretudo duradouro. Gostaria que tudo fosse mais comedido, sensato e colocado no patamar adequado. Mas não é assim. Resta-me, para já, mudar de canal. Mas, atenção, conto ver os jogos de Portugal e que apesar de todos os nossos problemas, a selecção portuguesa evidencie dignidade competitiva.
Ilustração: Google Imagens.

terça-feira, 10 de junho de 2014

DIA DE PORTUGAL (ADIADO)


No quadro político e social no qual nos fizeram mergulhar, serão porventura poucos os que olharão, hoje, para esta data com ORGULHO. Obviamente que o meu sentimento e o da esmagadora maioria dos portugueses é elevadíssimo pela nossa História, todavia, é inegável o esmorecimento por aquilo que tem sido feito aos portugueses nos últimos anos. Um período de novo e grave empobrecimento, de saque, de uma clara divisão entre muito ricos e pobres, que tem deixado o país sem esperança no futuro e nas garras de uma economia financeira liderada por instituições de sentido mafioso. Quando estou fora, certamente como todos, sinto o apelo do regresso, porque é aqui que estão as pessoas e as coisas que fazem o meu mundo. Mas ao lado desse apelativo sentimento, outros me envolvem de uma incontida revolta. Do Presidente da República ao governo, toda essa gente não merece este Povo. Mas vão pintá-lo, hoje, em tons garridos, solenemente vão jurar sobre a esperança de um futuro melhor, quando se sabe que as palavras soam a aldrabice e fuga à verdade. 


O Povo emigra, o povo esperneia, o povo sente a fome, uma em cada quadro crianças está em privação, a recolha de alimentos sucede-se, as empresas de corda ao pescoço, o desemprego em alta, o PIB que já vai nos 132% depois de três anos de esbulho, mas lá no alto do púlpito serão derramadas as palavras que ditam que não podemos andar para trás, que o caminho (do empobrecimento) tem de ser continuado e que a felicidade, mínima que seja, está ali ao virar da esquina. Mentirosos e aldrabões! Não está. Obviamente que não está. Temos constragimentos para mais de trinta anos e todo o esforço feito desde 1974, com altos e baixos, é certo, perder-se-á. Porque deram cabo do nosso país e porque eles, fanaticamente, acreditam que a austeridade, a redução dos salários, o corte nas pensões e reformas, a substancial perda de direitos sociais, uma carga fiscal insuportável e a nossa presença no Euro, constituem a receita certa para (re)construirmos um país devastado por uma crise que foi fabricada externamente. Para ficar como desejam, falta agora rasgar a Constituição da República. 
Um pouco por tudo isto, neste dia tenho presente os nossos irmãos emigrantes, nem todos bem sucedidos, muitos que trabalham apenas para se alimentarem, que fugiram e continuam a sair deste espaço que não lhes garantiu futuro. Por esses mantenho respeito, ao contrário do Presidente da República que, ainda há dias, disse que "(...) Devemos assumir uma visão serena e realista desta nova realidade do mundo global, recusando a ideia que a emigração representa necessariamente uma perda irreversível para o país". Fala quem nunca foi emigrante, quem está no "quentinho de Belém" e não tem noção da desestruturação dos laços de família. Fala quem não sabe o que significa a emigração de tantos e qualificados quadros, formados no País e aproveitados lá fora. Fala quem apenas vê a necessidade de algum dinheiro proveniente das remessas, cada vez menor, mas que dão jeito aos que ficam. Será que podemos ter orgulho nesta gente? Eu não tenho nem lhes concedo o direito para falarem da minha Pátria! 
Ilustração: Google Imagens.