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domingo, 30 de abril de 2017

APRESENTAÇÃO DE UM NOTÁVEL LIVRO HISTÓRICO SOBRE O 25 DE ABRIL EM MACHICO



O Dr. Bernardo Martins apresentou o livro "O 25 de Abril em Machico - o Centro de Informação Popular 1974/75". Com o Salão Nobre da Câmara Municipal completamente cheio, coube ao Professor Doutor Nelson Veríssimo, contextualizar a obra que surge na sequência da Dissertação de Mestrado em Estudos Regionais e Locais, na Faculdade de Artes e Humanidades da Universidade da Madeira.
Folheei o livro de 269 páginas e comecei a ler as primeiras páginas. Estou entusiasmado com este importantíssimo documento histórico. Aqui voltarei com o meu comentário depois de o ler. Para já, parabéns, Caríssimo Amigo por esta obra agora publicada por iniciativa da Câmara Municipal de Machico. A verdade de Abril começa a ser conhecida.
Fotografia: Félix Ricardo.

sexta-feira, 28 de abril de 2017

A GRAVÍSSIMA SITUAÇÃO POLÍTICA NA VENEZUELA. A EURODEPUTADA LILIANA RODRIGUES TOMOU POSIÇÃO RELATIVAMENTE A APATIA DA UE


"Apesar do Governo da Venezuela ter garantido às autoridades portuguesas que não há qualquer hostilidade para com a comunidade portuguesa naquele país, “os relatos que nos chegam todos os dias não confirmam esta versão do executivo de Nicolas Maduro”, afirma Liliana Rodrigues, entendendo que “o clima de instabilidade, insegurança, fome e medo que se vive na Venezuela, com expropriação de negócios e milícias armadas nas ruas a reprimir qualquer oposição, são motivos mais do que suficientes para interpelar a Comissão Europeia sobre as medidas que está a tomar, ou que pretende tomar, para garantir a segurança dos emigrantes oriundos dos países europeus e salvaguardar os seus bens”.


A deputada socialista referiu ainda que, “dada a dimensão da comunidade portuguesa residente na Venezuela, principalmente madeirense, esta é uma questão que nos preocupa especialmente. Sabemos que o Governo português está a acompanhar atentamente a situação, resta saber o que está a fazer, ou o que pode fazer, a União Europeia”.
Referindo-se ao acentuar da instabilidade que se vive na Venezuela, a porta-voz da Alta Representante da UE para os Negócios Estrangeiros afirmou há dias que a situação está a ser seguida "de muito perto" por Bruxelas, mostrando preocupação pelo respeito da Constituição, os princípios democráticos, o Estado de Direito e a separação de poderes, mas não apontando quaisquer medidas concretas a tomar face ao Governo de Nicolas Maduro ou aos emigrantes europeus naquele país.
Questão escrita enviada pela eurodeputada Liliana Rodrigues á Comissão Europeia:
Tendo em atenção que os recentes acontecimentos na Venezuela, com o agravamento da situação política e económica, a acentuada escassez de alimentos e medicamentos e ainda o clima de insegurança generalizado têm contribuído para o desespero de milhares de emigrantes europeus residentes neste país, muitos deles oriundos da Região Autónoma da Madeira. Considerando que, devido à fome e ao medo, muitos deles equacionam regressar aos seus países de origem, mas receiam perder os bens que adquiriram ao longo de uma vida de trabalho.
Tem a Comissão Europeia estabelecido contactos com o Governo venezuelano e demais autoridades daquele país no sentido da salvaguarda da segurança desses emigrantes e dos seus bens? Se sim, que medidas concretas estão a ser tomadas?
Está previsto algum plano de assistência da União Europeia a esses migrantes?
Considera a Comissão que o Estado de Direito está garantido na Venezuela?"

quarta-feira, 26 de abril de 2017

DANÇANDO COM A DIFERENÇA - O TELMO FERREIRA...



Muitos madeirenses e portosantenses certamente que acompanharam a notável reportagem, realizada na Madeira, pela TVI, cujo protagonista foi o TELMO. Aquele menino nascido em Câmara de Lobos, em uma família de 22 pessoas. Os dois episódios podem ser revisitados aqui:



Impressionante e comovente. O Telmo é um exemplo de VIDA.
O que é difícil, muito difícil de aceitar, circunstância que roça a INDIFERENÇA é a manifesta falta de apoio ao "DANÇANDO COM A DIFERENÇA". Senhores(as) governantes, DANCEM COM A DIFERENÇA através de contratos plurianuais. Basta isso.

DENTRO DO BANCO BOM HAVIA OUTRO BANCO MAU!

terça-feira, 25 de abril de 2017

25 DE ABRIL - O MELHOR DISCURSO

Uma intervenção serena, para dentro e para fora do País, dita com alma, com linguagem literária no contexto da afirmação política, por vezes comovente porque fugidia dos lugares comuns. Como eu gostaria que toda a juventude tivesse a percepção do Mundo e de Portugal como esta jovem denunciou!

 

segunda-feira, 24 de abril de 2017

25 DE ABRIL



Que me perdoem outros que defenderam e defendem os princípios e os valores fundamentais de Abril. Que nunca se curvaram e que, por isso, tantas vezes foram vilipendiados. Estes que aqui estão (Tolentino, Lília e Luís França) deram-me o privilégio de serem meus Amigos. Já partiram! Foram Jornalistas que assumiram, ao longo da sua vida, com absoluta isenção e determinação, a Liberdade e a Democracia. No nosso pequeno mundo regional, aproximando-se a noite comemorativa dos 43 anos de Abril, deixo aqui a memória de quanto contraponto fizeram, através da denúncia certa no momento exacto, contra os desvios atentatórios da verdadeira democracia e da concomitante liberdade. Sofreram com isso. Deles tenho saudades, pelo que sinto tristeza por não lhes poder telefonar dizendo-lhes apenas isto: 25 de Abril, SEMPRE.

domingo, 23 de abril de 2017

A ÁGUA E A CIDADE


Um texto de relevante interesse assinado pelo Engº Danilo de Matos, publicado na edição de hoje do DN-Madeira.
A água determinou o povoamento da Ilha. As povoações nasceram junto às praias de calhau e em torno das fozes das ribeiras. A água desenhou a ocupação e o crescimento da nossa cidade – a água que cavou os vales e corre pelas ribeiras e a que está ali, sempre presente, a lembrar a insularidade. É uma relação para a vida, o que não quer dizer que seja eterna, porque se não soubermos cuidar dela a nossa existência enquanto ilha estará seriamente ameaçada, como nos lembra Reynaldo Oudinot.


É isto que hoje, quando discutimos a cidade e particularmente as desastrosas intervenções governamentais nas ribeiras, há quem não perceba e não queira ver. Mas isso é outra conversa. Convidaram-me para falar um pouco da cidade ferida na sua identidade e dos apagamentos de memórias a que temos assistido, fruto de muita ignorância e de uma certa amnésia que ameaçam a alma especial desta cidade - e isto não é uma metáfora; antes fosse.
As ribeiras fazem parte da vida da cidade, da nossa vida. Definiram a matriz e a malha urbana e com isso acrescentaram-lhe uma singularidade única de que nos orgulhamos. São duma riqueza ecológica, paisagística, ambiental e patrimonial que tem de ser acarinhada e não desbaratada. Oudinot percebeu isso quando cá chegou para tratar das ruínas do trágico aluvião de 9 de Outubro de 1803. Ele corrigiu os traçados urbanos das três ribeiras em alguns pontos, definiu as secções de vazão que ainda hoje são actuais, os perfis das muralhas, os atravessamentos, a ocupação das margens, o basalto aparelhado como material e os processos de construção. Deixou-nos uma herança patrimonial e histórica notável.
A ribeira de Santa Luzia, a ‘jóia da coroa’, merece um tratamento especial. O que lhe fizeram é inqualificável. Era a ribeira mais querida e emblemática de todas - muita da nossa autoestima como funchalenses revia-se ali. A abertura ao mar e à serra, as muralhas conservadas como se fossem monumentos, as pontes históricas como símbolos, os tapetes de flores, a frescura, o cheiro e o som da água nos períodos mais calmos – e tudo isto com a envolvência e a ‘carga’ do centro histórico onde vai desaguar. É como se fosse a nossa grande Alameda! Um espaço canal que estruturou a cidade e lhe emprestou uma estética que correu o mundo. 
As feridas são profundas, há cicatrizes que vão ficar. E agora o que podemos fazer? -perguntam-me. A ribeira e a cidade nunca mais vão ser as mesmas. Mas a cidade é um corpo vivo, tem órgãos, tecidos e pele. Eu sou um defensor da ‘acupunctura urbana’, sobretudo em situações como as que estamos a viver que exigem transformações e respostas rápidas. Um conceito e uma prática de que os grandes pioneiros são os urbanistas Jaime Lerner (brasileiro) e Marco Casagrande (finlandês). A ideia é enquanto esperamos pelos planos, que levam naturalmente o seu tempo, ‘picar’ com as agulhas certas os pontos certos da cidade que têm de ser revitalizados, com pequenas intervenções urbanas rápidas. Não podemos deixar adormecer o nosso amor à cidade.
Deixei o desafio ao Gabinete da Cidade. Vamos salvar o troço final da ribeira de Santa Luzia. Afiar as agulhas para uma ‘acupunctura’ daquele espaço com um projecto simples com a criação de um passeio amplo ao longo das duas margens. O resto da ribeira fica para depois. A ideia está aí!
Danilo Matos

quinta-feira, 20 de abril de 2017

O AMOR NO LUGAR DO ÓDIO


Espero que ninguém se precipite em função da loucura que invade o Mundo. Assistir a um telejornal começa a ser tarefa difícil para pessoas sensíveis, tantas são as situações de conflito iminente entre as nações. Junta-se ao quadro de permanente tensão, o drama dos refugiados que fogem das zonas de guerra, a pobreza, a fome, o terrorismo, a crueldade, a morte, a situação dos emigrantes madeirenses, sobretudo na ditatorial Venezuela, os preocupantes sinais climáticos, a miséria na maioria dos povos africanos, a corrida ao armamento, enfim, ou há um mínimo de bom senso ou a destruição irracional anda já por aí. 
Estava eu a ler e a reflectir sobre o futuro, quase ao mesmo tempo que via algumas fotografias de viagens. Uma pergunta, simples, com alguma utopia, cruzou-se perante esta foto: e se pregassem o AMOR em vez do ódio primário?


Foto: Arquivo próprio. Galeria Nacional da Hungria.

domingo, 16 de abril de 2017

PÁSCOA TEMPO DE REFLEXÃO E PARTILHA


A tensão no Mundo é preocupante. Vivem-se momentos muito complexos, tempos de conflito, bombas que caem e povos em fuga, tempos de violência, terror e morte, tempos de corrupção, escravização de quem trabalha, ganância e mentira, tempos de falência da fraternidade entre os povos e da irmandade entre as nações, tempos de governos impreparados para a nobre tarefa humanizadora do Homem, tempos de ostentação de uns e de miséria para a esmagadora maioria, tempos de directórios que esmagam com as suas políticas, tempos de ditadura do dinheiro que globaliza a pobreza, enfim, enfrentamos tempos de medo e de pavor. Cada um de nós poderia acrescentar muitas outras palavras caracterizadoras desta enorme opressão e angústia na qual mergulhámos. E estou em crer, oxalá esteja enganado, que esta procissão ainda anda pelo adro! Os senhores do Mundo conhecem bem o seu negócio e de nada vale dizermos que estão a construir a arma da autodestruição.
Este é, portanto, um tempo de reflexão sobre o significado da VIDA, o que implica muitos e diversos questionamentos. E assim sendo, do palco da nossa pequenez, que a Páscoa seja, para todos nós, mais uma tentativa de LIBERTAÇÃO.
Desejo-vos uma Feliz Páscoa, com reflexão e partilha. 
Ilustração: Arquivo próprio.

sexta-feira, 14 de abril de 2017

NÃO É POSSÍVEL "CANTAR E ASSOBIAR" AO MESMO TEMPO


Li as críticas e, de imediato, assaltaram-me três perguntas: primeira, alguém pode ser politicamente visado (culpado) por, em quatro anos, não ter tido possibilidades de resolver um assunto que outros, durante quase quarenta anos, não resolveram?; segunda, terá bom senso uma crítica política por obras indiscutivelmente prioritárias e não realizadas, quando outros não só não as solucionaram como deixaram uma dívida de 105 milhões de euros que urgia pagar?; terceira, será politicamente honesto confundir um saldo CONTABILÍSTICO positivo de seis milhões, com capacidade financeira de investimento, quando no decorrer do último mandato sublinharam, também, que a administração tinha dado "lucro"?


Ora bem, quando leio: "(...) O PSD/Madeira denunciou hoje a falta de investimento da Câmara na cidade do Funchal, e em particular nas redes de abastecimento de água potável" (...) a cidade “tem uma rede de água envelhecida, pouco eficiente e com grandes perdas" (...) neste momento "mais de 60% da água fornecida pela Câmara do Funchal perde-se na rede, ou seja, mais de metade da água que é paga pela Câmara é totalmente desperdiçada antes de chegar a casa das pessoas" (...) “O que os funchalenses não percebem é como a Câmara do Funchal e o seu presidente se gabam de ter tido um lucro de 6 milhões de euros no último ano, e no entanto não tenha sido feito nenhum investimento na rede de água da cidade. Nenhum funchalense percebe como é que a Câmara dá lucro, mas a factura da água continua a ser a mais alta da Madeira". Pois é, o partido que assim se posiciona é o mesmo que teve nas mãos a possibilidade de solucionar este grave problema e não o fez, apesar de tantos apelos e de públicas boas relações com o governo da região. Eu sei que o Dr. Raimundo Quintal muito lutou por isso, no tempo da presidência do Dr. Miguel Albuquerque, e reconheço que alguma obra foi realizada (as chamadas "obras invisíveis"), mas também sei que o problema de hoje tem causas profundas de desinvestimento prioritário na rede, que governo e câmara não foram capazes de solucionar ao longo de quatro décadas. Repito, quase quarenta anos!
Todos sabemos que não é possível "cantar e assobiar ao mesmo tempo", isto é, ou as dívidas são pagas e são mantidos os serviços necessários ao funcionamento da cidade, ou há investimento em obras e criam-se mais dívidas que, paulatinamente, se tornam impagáveis. De resto, as instituições públicas não podem viver à custa do financiamento privado, clarifico melhor, não podem chutar para a frente, solicitando às empresas que façam as obras no convencimento que um dia, um dia bem longínquo, alguém pagá-las-á!
Foi assim durante muitos anos, ao ponto dos madeirenses e portosantenses estarem a pagar uma dívida de quase seis mil milhões e de alguns políticos serem hoje arguidos por dívidas não reportadas (escondidas). Estamos todos a pagar por não terem sido respeitadas as PRIORIDADES, uma delas, obviamente, o caso das perdas de água, recurso escasso e cada vez mais primordial no futuro.
Portanto, o que dizer destas iniciativas políticas que repetem o discurso político do passado e não têm em conta os recursos financeiros de hoje? E o que dizer quando é manifesta a ausência de sentido de responsabilidade e de um discurso que coloque o governo da região na defesa das PRIORIDADES, as quais não são apenas do Funchal, mas de toda a Região? Sem contratos-programa assumidos nesse quadro, tiremos o cavalinho da chuva, nunca será possível, repito, "cantar e assobiar" em simultâneo. 
Ilustração: Google Imagens.

quarta-feira, 12 de abril de 2017

A RENÚNCIA


Pois, chegou a hora da renúncia. Sua Excelência Reverendíssima o Bispo do Funchal (deveria ser da Diocese da Madeira, ou não?) fica dependente da vontade do Papa Francisco. Sinceramente, gostaria que o Papa aceitasse a renúncia. Seria bom para a Madeira. Na esteira de Francisco, os cristãos desta Região precisam que a Palavra também aqui chegue, acutilante, sem rococós, sem lengalengas gastas e desprovidas de sentido, capaz de colocar o dedo onde socialmente sangra. Sempre que oiço Francisco renova-se-me a ESPERANÇA e sempre que oiço Carrilho invade-me a tristeza, a decepção, o desapontamento. 


Quando o Senhor Bispo aqui chegou lembro-me de ter escrito um artigo no DN-Madeira sob o título "Carrilhar é preciso". Passados dez anos, olho de trás para a frente e sintetizo: o comboio da Palavra descarrilhou. Completamente. Como bem disse o Bispo Manuel Martins "há uma diferença entre os que acreditam no que dizem e os que são meros funcionários da Igreja.' O Bispo Carrilho foi um funcionário, nunca o Homem da Palavra que não precisa de estender o tapete ao poder político (por omissão) para credibilizá-la e expandi-la enquanto necessidade de uma sociedade onde continuam a persistir mais direitos que justiça social.
Os problemas não se resolvem com fé e caridade, palavras sempre presentes no discurso do Bispo Carrilho. Porque isso corresponde à manutenção do círculo vicioso da pobreza. Os dramas sociais, na esteira do Papa Francisco, têm causas e essas só se atenuam ou resolvem com a PALAVRA contextualizada, com um Bispo presente onde o povo está, na rua, nos becos, impasses, veredas, nos bairros e no associativismo, transportando o EXEMPLO, com a acutilância política de Cristo que foi um político de primeira água. E há tanto "vendilhão" por aí! 
Foram dez anos de toca e foge, de silêncios cúmplices, dez anos virados para dentro e não para o povo de um Cristo que morre pela libertação. Este Povo precisa da Palavra NÃO partidária mas, seguramente, política. Porque o silêncio, em função das circunstâncias regionais, é, claramente, partidário. Prova disso é a suspensão "a divinis" do Padre José Martins Júnior. Nem mandou julgá-lo em Tribunal Eclesiástico nem lhe pediu perdão. Absolutamente revoltante, pelo menos para mim que sigo uma Mensagem de paz, justiça, amor e tolerância, todas estas palavras na sua dimensão maior.
Boa Páscoa, Senhor Bispo, sem ovos, coelhos e chocolates, mas com um novo olhar sobre a realidade que não deve quedar-se pelos rituais.
Ilustração: Google Imagens.

O SECRETÁRIO DAS FINANÇAS DA MADEIRA DÁ VINTE-ZERO AOS SEUS ANTECESSORES!


Nota prévia: nada sei de economia e de finanças. Ou melhor, nesses sectores, domino as circunstâncias da minha vida. Mas há uma coisa que julgo saber fazer: ler e cruzar a informação que me chega pelos diversos canais. Isto para dizer o quê? Ora bem, que o senhor secretário regional das Finanças da Madeira dá vinte-zero nos anteriores secretários com a mesma pasta, em matéria de politiquice regional. Com argumentos falaciosos tenta iludir e virar o bico ao prego ao jeito de um joguinho de cartas viciadas. O que o secretário deve dizer aos funchalenses é se é verdade ou não "(...) que o Governo Regional deu 71 milhões à CMF entre 1992 e 2011" e com a derrota do PSD na Câmara do Funchal os contratos-programa passaram para zero. Deve explicar, também, pode ser até acompanhado de um desenho, as razões desse posicionamento político. O resto é treta política, como este pretenso obus: "(...) Na sua mais recente ‘investida’ para aceder ao dinheiro dos contribuintes via Orçamento Regional - quiçá porque o orçamento camarário é muito exíguo para tamanha ambição pessoal -, a Câmara do Funchal, para além do carpir de lamúrias a que já nos habituou, juntou um dado novo - que deverá ser repetido à razão de 2 vezes por cada 30 dias -, que se prende com os valores que o Município do Funchal terá recebido do Governo Regional de contratos-programa celebrados entre 1992 e 2011". Pergunto: verdade ou mentira?

A ausência de espelho dá tanto jeito à politiquice

Só entendo, por óbvia falta de espelho, uma declaração destas: "investida para aceder ao dinheiro dos contribuintes via Orçamento Regional", quando, sistematicamente, algumas vezes bem, é o próprio governo que martela o governo da República para sacar mais uns milhões. Não me passa pela cabeça que, em tais circunstâncias, o governo regional esteja a fazer uma investida para aceder ao dinheiro dos contribuintes via Orçamento da República. Mas há mais.
Esta, então, qualquer cidadão ri-se a bandeiras despregadas, mesmo os que, como eu, não percebem de finanças: disse o secretário "(...) ao mesmo tempo que anuncia ‘aos quatro ventos’, pela voz do seu Presidente, um superávite recorde de 6,3 milhões de euros em 2016, a Câmara do Funchal continua, sem qualquer pudor, a exigir subsídios do Orçamento Regional para investimentos municipais, no valor de 4,4 milhões de euros", destacou. E diz isto, certamente, com cara muito séria, quando ele sabe que, contabilisticamente pode haver um saldo positivo, tal como nas contas do governo, mas isso, por si só, não significa que disponham de dinheiro para investimento. Lembro-me de, várias vezes, nas reuniões de vereação da Câmara, quando o Dr. Miguel Albuquerque era presidente, ter assumido uma grande preocupação pelo endividamento da autarquia, e de ele responder-me que a Câmara tinha património que possibilitava tais níveis de endividamento (capacidade de endividamento). Como se pudesse vender desde os edifícios aos carros de recolha de lixo! Mais. No último mandato do Dr. Miguel Albuquerque, os funchalenses têm isso presente, várias vezes, contabilisticamente, o responsável pelas contas, sublinhou que a Câmara tinha dado lucro! A verdade, porém, é que deixaram uma dívida de 105 milhões de euros que esta administração, responsavelmente, tem vindo a pagar. Porque as empresas estão em primeiro lugar. São elas que geram emprego.
Portanto, todo o rol de justificações do senhor secretário regional das Finanças, justificações constantes do citado comunicado, não passam de conversa fiada. Mas parabéns, repito, em matéria de politiquice dá vinte-zero aos anteriores detentores da pasta! Parece-me indiscutível que, no plano político, foi um bom aluno.
Ilustração: Google Imagens.

segunda-feira, 10 de abril de 2017

COMPORTAMENTOS POLÍTICOS. TOCA A ESTRANGULAR...


FACTO

Título do DN-Madeira, edição de hoje, página 5:
"Governo Regional deu 71 milhões à CMF entre 1992 e 2011. Desde que Paulo Cafôfo foi eleito, o investimento do GR no Funchal passou para zero"

PERGUNTA

Perante isto, o que tem a dizer a secretária regional Drª Rubina Leal, candidata à Câmara do Funchal?

COMENTÁRIO BREVE

Os eleitores têm direito ao esclarecimento da posição dos diversos candidatos.

sexta-feira, 7 de abril de 2017

DEIXEM ABRIL EM PAZ…


Ontem, “autoridades civis, militares e religiosas”, obedecendo sem sangue nem alma a um ritual anémico, ali para os lados do cemitério de São Martinho, acompanharam um ofício de altos dignitários regionais, em rigorosa fatiota de cangalheiros oficiosos, que, à maneira dos seus progenitores políticos, fizeram o que se faz a um morto: depositaram coroas de flores. E os rapazes audazes só souberam perorar e bradar: “Mais Autonomia, mais Autonomia” eles que, nos alvores da Autonomia, ainda estavam a sair da incubadora da adolescência, depressa aprenderam a cartilha dos velhos!




Um artigo do Padre José Martins Júnior, publicado no seu blogue Senso&Consenso

Ninguém como Mestre Tempo para valorar pessoas e factos!
À luz deste guião percorro os 86 anos daquela que foi a maior afirmação de Portugal contra a ditadura nascente de Salazar: o “4 de Abril de 1931”. E à luz do mesmo critério escrevo na primeira oitava das comemorações ontem celebradas na Madeira.
O contraste entre o registo fotográfico de ambos os acontecimentos não podia ser mais eloquente: Em 31, foram as massas populares que abriram as hostilidades contra o monopólio da farinha (o “decreto da fome” emanado do governo central) e a falência do banco madeirense “Henrique Figueira”. Depois, os oficiais de Lisboa deportados na ilha integraram-se no caudal revolucionário que inundava o Funchal e deram-lhe uma expansão mais incisiva, organizando-se contra a ditadura que começava a crescer no governo de Salazar. Foi uma avalanche gritante que jorrava do coração das gentes da ilha, com maior visibilidade no Funchal. Tal como, mais tarde, em 1936, na “Revolução do Leite”, outra vez contra os monopólios decretados por Salazar. Os ditadores chegaram a tremer perante a resistência do povo.
Ontem, “autoridades civis, militares e religiosas”, obedecendo sem sangue nem alma a um ritual anémico, ali para os lados do cemitério de São Martinho, acompanharam um ofício de altos dignitários regionais, em rigorosa fatiota de cangalheiros oficiosos, que, à maneira dos seus progenitores políticos, fizeram o que se faz a um morto: depositaram coroas de flores. E os rapazes audazes só souberam perorar e bradar: “Mais Autonomia, mais Autonomia” eles que, nos alvores da Autonomia, ainda estavam a sair da incubadora da adolescência, depressa aprenderam a cartilha dos velhos!
E aqui começa a mais atrevida desvirtuação do 4 de Abril de 31, o equívoco insuportável que se foi propalando aos megafones da Quinta Vigia: “O 4 de Abril foi o princípio da luta pelo separatismo contra Lisboa, pela nossa independência, pela nossa autonomia”. Tudo baralhado para destroncar o cérebro do povo! Nada mais errado e desonesto, sob o ponto de vista estritamente histórico. O “4 de Abril” não foi contra Lisboa, pois os militares que o lideraram eram cidadãos vindos de Lisboa e aqui deportados, entre eles, o general Sosa Dias, o capitão Freiria, o tenente Camões. A Revolta foi contra a ditadura salazarista.
Vejamos agora o truque de prestidigitação levado a cabo pelos corifeus do regime salazarista que, logo na manhã de “25 de Abril de 74” mudara de pele. Sigamos as semelhanças e as diferenças:
1) Salazar mandou de Lisboa furibundos efectivos militares que sufocaram a Revolta. Na Madeira, o primeiro governador civil e militar pós-25 de Abril e, logo depois, o presidente “vitalício” da Região não fizeram outra coisa: atiraram as tropas madeirenses contra o seu próprio povo, nas justas lutas da hotelaria, nas justas reivindicações dos produtores de cana sacarina. Os sucessivos ataques ao povo de Machico são a mancha mais ignóbil dos autoproclamados donos açambarcadores da Autonomia.
2) Salazar vingou-se dos madeirenses cortando-lhes as verbas durante décadas. O autoproclamado chefe da Autonomia fez exactamente o mesmo: “Para Machico nem um tostão. Machico é do terceiro mundo” - “quarto mundo”, acrescentava-lhe um decrépito secretário de todos os departamentos do governo de então). O actual titular não faz por menos: “As populações dos concelhos da oposição vivem pior que as dos concelhos do PSD” – como se não fossem os concelhos todos da responsabilidade do governo regional!... E quanto a Machico, só agora o mesmo titular saiu da hibernação sonolenta, agora (vésperas de eleições) é que promete ressarcir as vítimas das intempéries, três anos depois !
3) Se mais dúvidas subsistissem sobre as semelhanças dos insaciáveis esfomeados da autonomia ( só para eles!) e o regime ditatorial que esmagou a Revolta da Madeira, basta este blasfemo, antidemocrático e despudorado arroto do protótipo tentacular dessa Autonomia: “Eu bati o recorde do dr. Salazar no governo”.
Servem estes apontamentos (mais que desabafos, são constatações indesmentíveis) para ‘justificar’ os resíduos mortuários que ostentam nas mãos os autómatos depositantes de flores no dia “4 de Abril” aos pés de uma Autonomia que parece cair em cima deles. É que eles não são dignos dos militares de outrora, lídimos exemplares do verdadeiro patriotismo contra o abuso dos ditadores. Nem dignos são do Povo Madeirense que, em 1931, abriu caminho aos valorosos militares, combatendo a exploração dos moageiros, os monopólios acobertados e protegidos por governos populistas e seus comparsas, entre os quais. as hierarquias eclesiásticas. Hoje como ontem. Lá estão todos, de braço dado.
Apraz-me retomar aqui o que, muitas vezes e sob diversas formas, denunciei na minha passagem pelo parlamento regional, numa altura em que a bela estátua, da autoria do nosso talentoso escultor Francisco Franco, estava colocada à sua entrada: “A Autonomia , até agora, resume-se nesta breve e evidente axioma: O Terreiro do Paço mudou-se para o Terreiro do Semeador. O resto é ilusão e ‘vã cobiça’ com que se engana o Povo”.
Deixem Abril em paz! 
05.Abr.17
Martins Júnior

quarta-feira, 5 de abril de 2017

SENHOR SECRETÁRIO DAS FINANÇAS, LEVE A POLÍTICA A SÉRIO!


Às vezes sinto-me um "estrangeiro" na região onde nasci e vivo. Parece-me que tudo me passa ao lado, como se diz pela ilha fora, não atremando o que uns e outros dizem. Ora, a Câmara do Funchal apresentou, li na edição de ontem do DN-Madeira, a dívida mais baixa dos últimos quinze anos, colocando-a em 61.8 milhões de euros. Em 2013, ano de eleições autárquicas, a dívida da autarquia que resultou da liderança do actual presidente do governo, tinha atingido os 108.6 milhões de euros. Espanto meu, o governo regional da Madeira, através do secretário das Finanças, estou em crer, claramente perturbado com aquela performance na redução da dívida, emitiu um comunicado no qual salientou: "(...) Querendo recuperar em 6 meses o que não fizeram em 3 anos e meio de governação, a Vereação da Câmara Municipal do Funchal acusa, uma vez mais, o Governo Regional de não financiar obras que são da sua inteira e exclusiva responsabilidade financiar" (...) "Ao mesmo tempo que apregoa, ultimamente a espaços temporais quase contínuos, a mesma redução da dívida camarária, a Câmara Municipal do Funchal teima em continuar de mão estendida para o Governo Regional, à espera que este financie o trabalho que é da sua exclusiva competência".


Ora bem, o secretário das Finanças, ao contrário de aplaudir aqueles resultados, resolveu atacar os que contribuíram para que a dívida global da Madeira não seja mais grave do que é. É por isso que não consigo atremar! Há dias, vangloriou-se pelos resultados das finanças regionais que foram, disse, decisivos para que o défice da República tivesse sido de 2,1% do PIB, mas por aqui, não só critica quem reduz a dívida herdada, como lava as mãos, por exemplo, quanto à não assinatura de contratos-programa de obras apresentadas pela Câmara do Funchal, no valor de, salvo erro, 4,4 milhões de euros. Aliás, também não consigo atremar, as razões que levam todo o governo, amiudadas vezes, a se insurgir contra a República, porque precisa de mais dinheirinho (com a Drª Rubina Leal à cabeça), facto que me leva a virar o bico ao prego, com a mesma argumentação do Dr. Rui Gonçalves, substituindo, apenas, governo Regional por governo da República: (...) teima em continuar de mão estendida para o Governo da República, à espera que este financie o trabalho que é da sua exclusiva competência. 
Ele, secretário, que deveria assumir a necessidade de finanças saudáveis, no governo e nas autarquias, que é co-responsável pela gigantesca dívida da Madeira, pois estava no governo; ele que deveria sugerir, primeiro, a liquidação das dívidas aos fornecedores (um problema de economia, portanto, de empresas tendencialmente saudáveis) e, depois, fazer obras públicas, acaba por assumir uma política, pelo que deduzo do texto do comunicado, contrária aos interesses dos madeirenses em geral e dos funchalenses em particular. Isto, quando toda a gente sabe que, nas actuais circunstâncias, não é possível pagar a dívida criada e, simultaneamente, atender a todas as necessidades sentidas pela população. Mas, pior, ainda, o secretário esquece-se que assinou contratos-programa com autarquias PSD, deixando de fora, por exemplo, o Funchal. Portanto, o que o secretário tem de responder aos funchalenses, através de um comunicado, é se este quadro é VERDADEIRO ou FALSO. Só isto. Para ver se consigo atremar. Já agora, se é VERDADEIRO ou FALSO que não está disposto a entregar nos cofres da Câmara o dinheirinho do IRS. Cinco milhões, li algures. 

Fonte: DN-Madeira.

terça-feira, 4 de abril de 2017

SUBIR PELAS ESCADAS E "TOMAR" MOVITOL NÃO CHEGA!


Acho piada (!) a certas campanhas que pela descontextualização que as acompanham, tornam-se ineficazes e até ridículas. Agora, surgiu o número de calorias perdidas em cada lanço de escadas do Hospital Central do Funchal. Com algum espalhafato, mais político que promocional da saúde, aconselham os utentes, os que podem, claro, a não utilizarem os elevadores. Pela saúde, dizem!  


É óbvio que os utentes vão continuar a utilizá-los. Também os próprios profissionais de saúde, por rapidez e por outras necessidades e circunstâncias. Enquanto utente, quando lá for, só utilizarei as escadas se os elevadores estiverem inoperacionais ou se estiverem muitas pessoas para os utilizar. Porque os elevadores constituem uma necessidade e não um luxo. Não é por aí que se resolve um problema que é gravíssimo, o da inactividade física. Eu, como tantos da nossa sociedade, quase diariamente, porque fui educado, estudei e eduquei-me para as vantagens, faço exercício, corro e tenho cuidado com  a alimentação. Mas isso implicou uma tomada de consciência que ficou a depender de muitos factores. Desde criança a adulto. Ora, as iniciativas isoladas, desinseridas de um programa a dez, quinze, vinte anos e continuadas no tempo, que deve começar na escola e se projectar na vida, estão condenadas ao fracasso. Alguns lembrar-se-ão da iniciativa "Movitol" - mexa-se pela sua saúde", preparada pelo ex-Instituto do Desporto da RAM/Secretaria da Educação (foto). Uma embalagem muito parecida com um medicamento, distribuída pelo correio, que aconselhava uma "toma" diária. Guardei a caixinha. Qual foi o resultado? Zero! Algumas pessoas chegaram a telefonar estranhando o facto da embalagem não trazer nenhum produto no seu interior! Era o "Movitol", portanto, deveria ser uma coisa parecida com a actual "depuralina". Lembro-me de ter equacionado o problema na Assembleia Legislativa, mas o resultado também valeu zero. Como vulgarmente se diz... entrou a 100 e saiu a 200! O "produto" ficou na "prateleira".

Isto para dizer que não se mobiliza uma população que regista 70% de pessoas sem hábitos de prática física ou desportiva regular (dos 15 aos 70 anos, nem todos são regulares), com todas as consequências daí derivadas, através de iniciativas isoladas, mas de programas vastos e, repito, continuados no tempo. Um exemplo, por mera comparação, é a percentagem de recolha selectiva de lixo já atingida. Valores que são muito relevantes da sensibilidade da população para a importância da separação e valorização dos lixos. Essa tomada de consciência começou na escola (e continua, felizmente) e projectou-se na sociedade através de importantes iniciativas sensibilizadoras. É uma batalha que não parou nem pode parar. Não tem fim, nem descanso! Com a prática física passa-se o mesmo. A consciencialização desse bem cultural, associado à educação alimentar, não se resolve com fotografias políticas ou embalagens de "Movitol". Resolve-se na combinação de múltiplos factores, devida e inteligentemente integrados e planeados. Desde a escola à aposentação, passando pela actividade laboral. E se a escola não se apresenta como factor mobilizador, então, há que questionar o que se passa. 
Poderia aqui deixar inúmeros exemplos, que constam da literatura especializada, de como organizar desde as cidades aos sítios. Certo é que há novos hábitos a aprender, no quadro de uma nova postura na mobilidade potencialmente geradora de melhores ganhos na saúde. Bastaria que os governantes respondessem a três perguntas básicas: onde estamos, onde queremos chegar e que passos temos de dar para lá chegar. Depois, seria uma questão de planeamento integrado.
Por tudo isto e muito, muito mais, subir pelas escadas e "tomar" Movitol não chega! 
Ilustração: Arquivo pessoal e DN-Madeira.

domingo, 2 de abril de 2017

TRAGÉDIA... DISSE ELE!


O Presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, mostrou-se impressionado com a "incrível tragédia" face aos números "aterradores" do desemprego jovem nas Regiões Ultraperiféricas (RUP). Por exemplo, a Madeira regista 50,6% da população jovem desempregada. Parece que todos sabíamos desta dura realidade, só Juncker ainda não se tinha apercebido. Espantoso. Nem ele nem o seu antecessor Durão Barroso. "Tragédia", disse!  O que me leva a concluir que a política europeia sempre esteve a duas, três ou mesmo quatro velocidades, se partir do princípio que os próprios "cérebros" não dominam a realidade. Quem se espanta com o desemprego jovem estará, porventura, desperto para os grandes desequilíbrios a todos os níveis? Não me parece.


Sendo, apenas, um dos indicadores da crescente negação a esta Europa política, Jean-Claude Juncker, figura pela qual, sublinho, não nutro qualquer admiração política, faz parte da clique que lá no fundo aplaude, sem aplaudir, esta Europa marcada pela dor profunda sentida pelos povos. Os contributos e a redistribuição do dinheiro de todos não apaga os desmandos. Por isso, não me deixo iludir, quando a propósito da discussão sobre o “Livro Branco sobre o Futuro da Europa”, Juncker exclamou: "(...) Gritamos aos quatro ventos que o debate é necessário e que é preciso ir ao encontro dos cidadãos e dos eleitores – que são cidadãos e não apenas eleitores – e quando o fazemos somos criticados. Então merda. Eu diria merda se não estivesse no Parlamento Europeu. O que querem afinal que façamos?" Então, perante este desabafo, pergunto, não é a família política a que o Presidente Juncker pertence que, desde há muito, tem os cordelinhos na mão e que conduziu esta Europa para um lamentável pré-colapso? Não foram esses senhores que tudo fazem para apagar as identidades nacionais, a diversidade de culturas e as especificidades seculares, marimbando-se para a voz dos cidadãos, onde quase nada é concretizado sem uma pergunta a Bruxelas, um subordinação à autorização, uma subserviência que esmaga e limita o respeito pelas leis nacionais?
Não gosto de escrever sobre um tema sem o perfeito domínio de todas as causas. Mas, enquanto cidadão, assisto ao Brexit, ao descontentamento de muitos especialistas que leio, à perda de princípios e valores que pautaram a construção europeia, assisto à corrupção de pendor criminal e dou comigo a pensar nas razões mais substantivas do crescendo populista que ganha no espaço da angústia. E vem agora o Senhor Juncker falar dos cidadãos que não são apenas eleitores? Paroles... Paroles... Paroles!
E pior, ainda, é o Presidente do Governo Regional da Madeira dizer que o desemprego é "um preço que a Madeira paga pela insularidade e que a União Europeia deve compensar apoiando programas de estímulo ao emprego (...)". A Madeira, apesar da insularidade, tem uma factura social altíssima porque negligenciou o planeamento, porque apostou, fundamentalmente, no cimento e não na diversificação da sua economia, porque descurou, profundamente, as políticas educativas, quem a tem governado mandou às malvas o sentido prospectivo, porque foram políticos e não estadistas, porque confundiram crescimento com desenvolvimento.
E para que fique claro: sou europeísta. Sou por uma Europa de paz e de princípios solidários. Sou por uma Europa de livre circulação de pessoas. Sou por uma Europa de estratégia comum na defesa. Sou por uma Europa que respeite as nações. Digo não a uma Europa de directórios que impõem os caminhos que devemos trilhar, até porque, entre tantos sectores, a Economia deve estar ao serviço das pessoas e não as pessoas ao serviço da Economia. Com a licença dos leitores, faço minhas as palavras de Juncker: "merda"... para esta Europa!
Ilustração: Google Imagens.