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segunda-feira, 12 de junho de 2017

É MAIS FÁCIL UMA CAMPANHA NEGATIVA DO QUE UMA CAMPANHA PROPOSITIVA


Começam a aparecer indicadores que denunciam que, alguns, pouco ou nada aprenderam com os anos que já levamos de DEMOCRACIA. Em poucas palavras: as campanhas negativas e ofensivas, muitas vezes, da dignidade das pessoas, continuam a prevalecer relativamente às campanhas de natureza propositiva. Já não é tanto a promessa fácil que está em causa, enquanto engodo para a conquista do voto, mas a proposta global definidora de uma maneira de encarar e preparar as cidades e vilas para um futuro sustentável em todos os sectores e áreas de actividade. Julgo eu, depois de muitos anos a acompanhar este processo, que é residual o número daqueles eleitores que ainda alinham ou toleram o discurso ofensivo, a promessa pontual ao nível do beco, da tampa de saneamento básico, da posição das mesas de uma esplanada ou em cartazes de uma franciscana pobreza na mensagem. Estão enganados os que pensam que, por essa via, ganham a confiança dos eleitores.  


Choca-me, por isso, quarenta e três anos depois de Abril, os alegados actos de corrupção não sejam dirimidos em sede própria, nos Tribunais, ou, então, uma juventude partidária, que deveria ser irreverente e propositiva em defesa do seu futuro, escolha exactamente a mesma conversa dos seus eventuais e históricos mentores. É triste assistir à democracia nivelada por baixo. Por um lado, por exemplo, no caso da corrupção, porque a lei é para ser cumprida, reunidas as provas concludentes da sua existência na gestão e administração da "coisa pública", não exista coragem para solicitar a respectiva investigação, antes julguem preferível alimentar ou o boato ou as manifestações mediáticas provocadoras de dúvida; por outro, na comunicação através de cartazes, os eleitores sintam que aquilo com que são confrontados não corresponde, grosso modo, à vivência do dia-a-dia.
Isto é preocupante em uma altura que é sensível que a população nutre desconfiança na generalidade dos políticos, bem presente nas altíssimas taxas de abstenção (existem outros aspectos, claro) que em nada favorecem a participação que a democracia exige. Estou em crer que todos os actos políticos menos bem pensados acabam por concorrer para esse desgaste conducente à ideia de que não vale a pena, porque todos são corruptos e todos são desonestos. Melhor dizendo, todos à excepção dos que produzem as declarações. Ora, o exercício da política não se compagina com este quadro de tensão e ofensa permanente. Para o eleitor não partidário, a esmagadora maioria, interessa-lhe, sobretudo, uma visão mais abrangente, de proposta séria em todos os sectores e áreas. Desejam credibilidade. O eleitor, à distância, com a sua experiência, confrontado com certas posições, acaba por descobrir e é capaz de dizer para com os seus botões: o que tu queres sei eu! Portanto, eu que me incluo nesse vasto leque de pessoas que pensam a sociedade e que desejam uma luta civilizada entre pontos de vista distintos, sinto-me defraudado quando em causa não está uma palavrinha simples mas de grande alcance: PROPOSTA.
Ilustração: Google Imagens.

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