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quarta-feira, 26 de julho de 2017

PEDRÓGÃO, O GRAU ZERO DO COMBATE POLÍTICO


Há qualquer coisa de macabro ou, no mínimo, de irresponsabilidade, porque joga com a morte, horrível, de dezenas de pessoas apanhadas pelas chamas. É de muito mau gosto trazer para o centro do debate político (será político?) não as causas, não as questões fundamentais para que o drama não se repita, mas os números da morte, se foram 64, 70, 80 ou mais. O que é que isso resolve? Mesmo para o governo, pergunta-se, a existência de um maior número de vítimas acrescentará alguma coisa? O que pode pesar, doravante, na apreciação dos portugueses não é o lamentável e doloroso número de vítimas, mas as causas que subjazem aos incêndios e a rápida recuperação da destruição. Portanto, o líder da bancada parlamentar do PSD na Assembleia da República vir exigir 24 horas para que o governo apresentasse a listagem correcta das vítimas, tem duas leituras possíveis: primeiro, um combate político miserável e imoral, porque utiliza a morte como arma de guerra política; segundo, a denuncia que não tem mais nada a arguir na cena política nacional, do que entreter-se com uma situação tão macabra "denunciada" por uma popular que alegava possuir uma lista de 73 vítimas mortais!


A Procuradoria-Geral da República (PGR) acabou com esta pouca-vergonha política, ao divulgar um comunicado no qual é referido: "Confirma-se, pois, a existência, até ao momento, de 64 vítimas mortais, cuja identidade se considera poder, agora, ser publicitada com segurança e sem perturbação da investigação". Resta ao recém empossado líder da bancada parlamentar do PSD, se lhe restar um pingo de responsabilidade, pedir desculpa aos portugueses. Julgo eu que existe uma diferença entre mortes directas e indirectas. Ainda esta manhã escutei uma notícia que dava conta de um idoso que tinha sido evacuado e hospitalizado por inalação de fumos. Mais tarde, viria a morrer com uma pneumonia. Não tenho formação para interpretar este tipo de elementos, mas a Justiça domina tal enquadramento. 
Portanto, o que está em causa pós tragédia é a recuperação das habitações, é o apoio aos afectados em diversos domínios, são as empresas e os postos de trabalho, é o regresso a uma certa normalidade que levará muito tempo. Tudo o resto é baixíssima política e corresponde ao grau zero do combate político. Respeitem os mortos, as famílias, o luto e preocupem-se com o realmente é importante!
Ilustração: Google Imagens.

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