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quinta-feira, 23 de novembro de 2017

INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL. O PERIGO QUE ANDA POR PERTO


"A inteligência artificial é já uma realidade no nosso dia a dia, mas ninguém sabe o que nos reserva: pode ser a melhor ou a pior invenção da humanidade (...) especialistas mundiais antecipam graves problemas como o desemprego e até a criação de uma nova classe social: OS INÚTEIS" - Paulo M. Santos, Visão, pág.36.


Vivemos uma época em constante aceleração e, creio, muito perigosa. Aparentemente, no plano científico, a clonagem ficou-se pela ovelha Dolly, mas a outros níveis tecnológicos de investigação, os últimos 60 anos foram de estonteante velocidade. A robotização extremada, para além do desemprego, salienta Blaise Aguerra y Arcas, pode conduzir a inteligência artificial à "aprendizagem de processos cognitivos humanos, que, por definição, são julgamentos rápidos, catalogados, esteriótipos, etc. E sabemos que todo e qualquer sistema que treinamos para fazer tarefas humanas relevantes, incorporam sempre enviesamentos cognitivos dos humanos. E isso pode ser um problema". Daí que Stephen Hawking sublinhe que "não podemos saber se seremos infinitamente ajudados pela IA, ou se ignorados e até destruídos por ela. Pode ser a última coisa que faremos enquanto espécie". Aí está uma possível consequência: o aparecimento dos INÚTEIS. Como lidar com a nova situação? A resposta deixo para os leitores que por aqui passarem. Apenas, para reflexão complementar, reproduzo uma parte de um texto que aqui publiquei a 12 de Maio de 2012.
"(...) A lógica do pensamento da década de 80, com o notável livro A Terceira Vaga, de Alvin Toffler, entre outros menos divulgados, deu origem, no início dos anos 90, ao aparecimento de vários gurus da gestão que invadiram o pensamento de muitos, sob fortes aplausos de plateias inteiras. Conceitos que, afinal, vieram determinar o colapso económico e social dos nossos dias. Li, em Tom Peters, "nada mais certo no futuro que o emprego incerto"; sublinhei, deste mesmo autor, "que a empresa do futuro se chamaria, Eu, SA", ou que, doravante, só existirão dois tipos de gestores: "os rápidos e os mortos". Mas também li Peter Drucker, Michael Porter, Idalberto Chiavenato, Igor Ansoff, Henry Mintzberg, Andrew Campbel, Michael Godet, David Hampton, entre tantos outros, aproximei-me, por extensão, dos sistemas organizacionais, do marketing, dos recursos humanos, da qualidade e da liderança. Bebi, por isso, muita informação por razões académicas e por interesse pessoal, para melhor compreender outras relações com um mundo que despontava. Fiquei maravilhado, eu diria deslumbrado com as minhas primeiras leituras, aquelas que me introduziram neste espaço do conhecimento. "É melhor ser louco e errar, do que estar parado a ver o mundo a mudar à nossa volta", defendia Peters no livro In Search of Excellence. Ora, esse delírio profundo conduziu à síntese que tempos loucos exigiam empresas loucas, portanto, "bem vindo à era em que a imaginação é o principal requisito de sobrevivência. É um mundo caótico, em que as organizações sãs deixaram de ter lugar", li no livro The Tom Peters Seminar. É evidente que se tratava de frases muito fortes, geradoras e potenciadoras de uma nova mentalidade, mas que necessitavam de ser lidas, amadurecidas, contextualizadas e desenvolvidas na cadência do tempo. E não foram. Hoje, à distância e com outro amadurecimento, olho lá para trás, por exemplo, para as minhas aulas na Universidade da Madeira, e sinto que, em alguns momentos, transmiti e desenvolvi teorias, as da época, sem os necessários contrapontos. Há vinte anos havia essa espécie de delírio conceptual que merecia um enquadramento diferente e mais profundo. Só dois ou três anos mais tarde comecei a cruzar o pensamento da rutura com outras variáveis. Durante anos foi assim, assistimos a uma ditadura de frases feitas, frases motivadoras mas, simultaneamente, mortíferas.
Está em causa o pensamento a montante, a "morte" de milhares para a sobrevivência de poucos, porque a lógica em que se alicerçam tais teorias era a da "pressa e a da cultura do nanossegundo". Numa cultura destas, como se percebe, não há lugar ao sentido de humanismo, porque as pessoas são apenas peças da engrenagem económica. 
David Cohen, perante este comportamento frenético, depressivo e de intoxicação sugeriu que, naquele quadro, colocassem a empresa no divã; hoje, não estão apenas as empresas, mas os colaboradores das empresas, pela desestruturação do mundo laboral, porque a "saudável loucura" deu lugar à desordem, ao caos, à falência e à doença. A IA se não for travada, se não for ao divã, ajudará ao crescimento dessa, chamo-lhe praga, onda de INÚTEIS. E isso é muito preocupante.
Ilustração: Google Imagens.

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