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terça-feira, 13 de março de 2018

SE ISTO NÃO É UM CONCERTO, ENTÃO CONSERTEM-SE!


Hoje li um artigo de opinião e duas peças jornalísticas politicamente concertadas. No cruzamento dos três articulados ficou-me a ideia que se exprime em uma só palavra: medo. Medo das próximas eleições legislativas regionais. Por um lado, o presidente do governo diz existir "um cerco à Madeira"; por outro, a deputada Sara Madruga sublinha que "Costa e o governo das esquerdas unidas continuam a fazer de conta que vão resolver (...)" os problemas da Madeira; finalmente, o articulista, ex-secretário da Economia e actual deputado na ALRAM, Eduardo Jesus, vai no mesmo sentido: "(...) hoje, mais do que nunca, é gritante a dificuldade da portugalidade neste espaço atlântico (...) A República ignora a Madeira e os madeirenses. Usa-os a seu belo prazer (...) ignorando todo o esforço concretizado na recuperação das contas públicas (...)". Eu diria que se tratou de concerto dissonante com a realidade.

De tempos em tempos, perdidos nas teias da governação, há figuras que demonstram não ter unhas para a guitarra ou melhor, para este piano! E vai daí o choramingar de sempre, o discurso que empurra para outros os problemas que lhes compete resolver, aliás, como se esta não fosse uma região Autónoma, dotada de Estatuto Político-Administrativo próprio, com uma Assembleia Legislativa própria, um governo próprio e um orçamento próprio. Tudo é esquecido e, assim, toca a chutar para longe a bola dos problemas da governação, massacrando a consciência da população de tal forma que, pela ruidosa repetição, suscite a dúvida sobre a incapacidade de quem assumiu a responsabilidade de governar. Há anos que a mesma música toca nos momentos de alegado aperto ou de aproximação de eleições. Tem dias de auto-elogio, em outros, surge o ataque desengonçado. Tenho o pressentimento, a avaliar pelos resultados eleitorais e pelos estudos de opinião publicados, que uma larga percentagem da população já conhece a letra de cor e a melodia. 
"Cerco à Madeira", pergunto, em que contextos? Qual é o problema de existir um acordo político à esquerda? Não será tão legítimo quanto um acordo à direita? Terá algum fundamento dizer que este governo "faz de conta" que governa, quando todos os indicadores são, até agora, extremamente favoráveis, reconhecidos na Europa, nomeadamente, na taxa de desemprego, nas exportações, no crescimento económico, no pagamento da dívida e na devolução de rendimentos extorquidos aos portugueses? Será mentira que essas políticas da República influenciaram, positivamente, e de que maneira (!) alguns indicadores regionais? Onde está o badalado cerco, no pressuposto que a República ignora a Madeira e que usa os madeirenses? Não sinto tais constrangimentos. Vi-os, sim, no tempo de Passos Coelho/Paulo Portas, no insuportável aumento de impostos, no roubo perpetrado desde trabalhadores até aos aposentados, na emigração forçada, nas altas taxas de desemprego, por aqui, na colossal dívida escondida pelo governo da Madeira, no monumental desequilíbrio das contas das autarquias, nas obras megalómanas, na "perseguição" ou na ofensa feita a muitos que vivem ou escolheram a Madeira para viver. Será uma questão de má consciência? Não sei. O que me pareceu  é que o partido da maioria está concertado no medo. E se não, então, consertem-se.
Fonte: Edição do DN-Madeira, edição de hoje.
Ilustração: Google Imagens.

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